Brasil: Renda dos 10% mais ricos sobe e a dos 50% mais pobres cai
Os 10% mais ricos tiveram uma renda de aproximadamente 10 salários mínimos, enquanto a renda dos 50% mais pobres não chegou a um salário mínimo
Por Caio Lencioni
Segundo o relatório “País Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras”, realizado pela Oxfam, a redução da desigualdade no Brasil parou de cair pela primeira vez em 15 anos.
O Índice de Gini da renda familiar per capita, que tem como intuito medir a desigualdade, se manteve parado entre 2016 e 2017. Desde 2002 o mesmo índice vinha caindo a cada ano. A publicação aponta que essa queda contribuiu para a nova posição do Brasil no ranking de desigualdade de renda: 9° país mais desigual neste quesito.
Dentre os dados apontados pelo relatório, o rendimento dos 10% mais ricos do Brasil subiu 6% no ano passado em comparação a 2016. A renda média total destes 10% mais ricos foi de R$ 9.519,10, cerca de 10 salários mínimos por mês. Em referência aos 50% mais pobres, o rendimento caiu 3,5% em 2017. Além disso, a renda média da metade mais pobre foi de R$ 787,69, menos de um salário mínimo.
Além disso, as desigualdades de renda entre grupos raciais aumentaram nos últimos dois anos. Em 2016, pessoas negras ganhavam 57% dos rendimentos médios de pessoas brancas. No ano passado, esse índice caiu para 53%. O estudo também coloca que as pessoas negras pobres ficaram ainda mais pobres, com redução de 2,5% de renda, enquanto pessoas brancas pobres tiveram incremento de quase 3% de renda.
Desigualdades entre rendimentos de mulheres e homens
Segundo o estudo, a desigualdade entre rendimentos de mulheres e homens aumentaram entre 2016 e 2017. É a primeira vez em 23 anos que a renda média das mulheres caiu em relação à dos homens, indo de 72% para 70%.
Gastos Sociais
O relatório aponta que o Brasil utilizou em 2016 o equivalente a 22,8% do PIB com os principais gastos sociais: 12,25%, que representa 54% do total, foram para os benefícios previdenciários, enquanto 1,55% foi para assistência. Estes dois gastos formam, em sua maioria, as transferências diretas dos governos para a população. Já os chamados gastos não monetários foram de 3,98% para saúde e 5,01% para educação.