Sinto-me perplexa a cada eterna novidade dos seres humanos
Parafraseando o grande poeta Fernando Pessoa, “sinto-me perplexa a cada eterna novidade dos seres humanos”. Digo isso porque quebrei alguns paradigmas referentes a uma parte dos “poderosos professores doutores” que fazem parte do universo acadêmico.
Talvez por ser idealista e acreditar no lado bom do ser humano, fiquei triste e surpresa em saber que estão presentes na universidade professores que agem de maneira autoritária, arrogante e violenta com seus alunos, bem como com os seus colegas.
Refleti, Pensei… Será que o momento que estamos atravessando no cenário brasileiro tem contribuído para essa explosão de violência e agressão? Ou será que a formação social, política e cultural brasileira, calcada no autoritarismo, conservadorismo, poder, segregação e desigualdade, ainda está muito presente?
Acredito que tais questões não são meros fragmentos de uma realidade específica brasileira, mas de um conjunto amplo das relações sociais capitalistas, que favorecem a violência em todas as esferas. Também percebo que infelizmente “A Casa Grande & Senzala” não desapareceram e ainda estão firmes e intactas, seja na esfera privada como na pública. Heranças nocivas que só nos destroem e nos desumanizam.
Entretanto, é triste constatar que uma parte dos doutores presentes no universo acadêmico reforça essa ideologia, cometendo diversas atrocidades. Infelizmente, esses não se inspiraram no grande educador Paulo Freire, pois, se assim fosse, saberiam que a autonomia, liberdade e respeito são fundamentais para uma relação humana entre educadores e educandos, e que o poder só gera violência.
Por outro lado, fico extremamente feliz quando encontro colegas doutoras de elevada coerência ética transbordando solidariedade, generosidade, simplicidade, paciência e amor pelos seus alunos e colegas. Valores esses que não pertencem ao conservadorismo moral, hierárquico e autoritário.
Sei o quanto somos imperfeitos, mas a reflexão e autoavaliação são o único caminho para superarmos o “bichinho autoritário conservador” que nos aprisiona nas ações do cotidiano, bem como nas contradições existentes no universo acadêmico, de discursos progressistas e ações conservadoras e violentas.
Quebro os meus paradigmas e olho para frente, lembrando-me de dois grandes mestres: Arton S. Makarento, que dizia que “é preciso exigir o máximo da pessoa e respeitá-la ao máximo”, e Paulo Freire, que afirmava que o outro, muitas vezes, só nos mostra aquilo que não gostaríamos de ser… e nos confirma que estamos no caminho certo.
Joao Monteiro
05/10/2017 @ 07:54
Muito bom! Lidar com sustos de encontros assim, descarregam adrenalina, ou nos chamam as lágrimas e deles queremos escapar. Mas, como é bom tê-los, situá-los no devir, entendê-los como algo que se mostra fixo, e que se vê lavado, pelo nosso olhar, e assim, levados por lágrimas que, por acaso, nos fizeram deitar. Vai doutor, se curar no amanhã… percebe: somos o outro!