Arrumando a casa ou arrumando a causa
Retomando o assunto de “decidir começar”, ou de começar a utilizar ferramentas de relacionamento para gerar poder de mobilização, gostaria de falar um pouco das questões anteriores ao uso da ferramenta e depois sim, de sua utilização.
Muito bem, vamos começar.
Para que se possa transmitir uma imagem positiva da instituição é muito importante que a casa esteja em ordem. Perceba que, ao trazer pessoas para conhecerem a instituição, é uma questão de primeira imagem. Qual é a imagem que se quer passar? Não podemos esquecer-nos da importância da primeira impressão. Tudo bem, ela pode não ser a impressão final, mas este momento inicial, em qualquer relacionamento, ajuda demais.
Assim, o ideal é “arrumar a casa”. Prepará-la para receber esses contatos, visitantes, amigos ou o público que se pretende mobilizar em torno da causa. Se a instituição acredita fielmente na importância e valor da causa, seja ela educação, moradia, alimentação, saúde, lazer, enfim, seja qual for a finalidade da instituição, é preciso torná-la crível, dar valor a ela e às pessoas envolvidas com ela.
Podemos associar, como analogia, grandes organizações do terceiro setor que, ainda que distante da maioria das pessoas, exercem fascínio ou algum tipo de admiração. Até daqueles que não participam diretamente, mas que enxergam, vislumbram um valor importante da atuação delas junto a comunidades, por exemplo. Green Peace, SOS Mata Atlântica entre diversas outras, conseguiram esse status.
É fato que são organizações grandes, distantes da realidade da maioria de pequenas instituições e ONGs que fazem trabalhos importantes, mas de pequeno alcance.
Apesar disso, também vale recorrer ao círculo de influências dos indivíduos, que começa na família, depois passando a amigos, vizinhos, trabalho, e assim se ampliando. Então, pequenas ações têm mais impacto na própria comunidade e podem, ou devem, se apropriar dessa condição, valorizar esta condição.
É mais fácil estabelecer um diálogo quando a causa e a própria entidade estão inseridas em um contexto e de alguma forma, participando da vida das pessoas. Assim, se consegue compreender que essas pessoas, de alguma forma, se agrupam por interesses e afinidades.
A partir daí, as ações passarão a obter maior reconhecimento e, sempre, serão objetos de compartilhamento entre pessoas, novamente, com algum tipo de afinidade. É bom lembrar que, como fala o professor Giardelli, “você é o que você compartilha”. A entidade é o que compartilha com a comunidade, não apenas a sua atividade, mas as informações, os resultados, as conquistas e as dificuldades.
Não se pode vir a público apenas para pedir ajuda. Às vezes, nem mesmo para oferecer ajuda. Todos nós, acredito, gostamos de nos informar, de saber o que acontece e as razões pelas quais os fatos ocorrem e, ainda, os seus desdobramentos (se não fosse assim, as novelas não teriam tanta audiência, não é mesmo?).
Vamos explorar esse lado humano para manter um canal de relacionamento, um diálogo com essas pessoas.
É difícil? Aí que entram as ferramentas ou as redes sociais.
Com a casa arrumada e conhecendo o público com o qual se quer interagir, é possível desenvolver um canal de relacionamento com custo quase zero.
É possível, por meio das redes sociais, compartilhar imagens e mensagens no Facebook, mandar mensagens via Twitter, postar fotos pelo Instagram, criar um blog para falar e para ouvir… E tudo será mais fácil se os objetivos já estiverem claros.
E aqui, uma informação nova: objetivos? Sim, objetivos. Afinal, o que se pretende ao estabelecer uma plataforma de relacionamento baseada na internet? Só comunicar? Criar campanhas? Receber sugestões? Incluir e integrar pessoas? Agrupar interesses?
Ou mobilizar em torno da causa com todas as opções acima?
O primeiro passo precisa ser dado. Arrumando a casa. Depois, arrumando a causa!
As manifestações nos mostraram o poder das redes. O poder da mobilização. E que começou com um pequeno primeiro passo.
Até a próxima.