17 trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão
Após ser agredido, um dos trabalhadores deixou o local e percorreu a pé mais de 100 quilômetros para realizar denúncia no Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul
Por: Isabela Alves
17 trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão em seis fazendas localizadas nos municípios de Bela Vista, Caracol e Porto Murtinho, região sudoeste de Mato Grosso do Sul.
A operação de resgate ocorreu entre os dias 2 e 6 de dezembro. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), os contratados trabalhavam com a produção de carvão vegetal e também auxiliavam na construção de cercas e casas.
Quando foram encontrados, os trabalhadores estavam alojados em barracos improvisados com lona e galhos de árvores. Não havia iluminação e suas camas feitas de madeira estavam no chão. Também não havia banheiro, portanto eles tinham que defecar ao ar livre.
A água que era utilizada para consumo, banho e preparo de alimentos era colhida em um córrego e ficava armazenada em garrafas PET. As carnes que usavam para se alimentar ficavam penduradas em varais para secar e sujeitas a contaminações. Também não havia energia elétrica.
Um dos trabalhadores, resgatado na cidade de Caracol, afirmou que trabalhava na fazenda havia dois meses e recebia R$ 18 por forno de carvão vegetal (havia 23 unidades no local). Nestes dois meses, ele recebeu menos de R$ 500 e não conseguiu retornar ao município de Bela Vista, local em que morava antes da contratação.
A investigação para encontrar os trabalhadores em situação análoga à escravidão começou a partir da denúncia de um homem que trabalhou dois meses em fazenda próxima a Porto Murtinho. Ele recebia apenas R$ 100 pelos serviços na carvoaria.
Após ser agredido, ele deixou o local e teve que percorrer a pé mais de 100 quilômetros até chegar ao Ministério Público Estadual para realizar a denúncia. No depoimento, ele afirmou que não sabia ler nem escrever.
Fonte: G1