8 países assinam carta que cobra ação do Brasil contra queimadas
A pressão internacional se soma a uma inédita reação de mais de 200 organizações, entre ONGs, empresas de agronegócio e do setor financeiro
O vice-presidente Hamilton Mourão recebeu uma carta assinada pelos embaixadores de oito países europeus – Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Holanda, Noruega, Dinamarca e Bélgica. O recado da carta é claro: enquanto a questão do desmatamento e da preservação são focos dos governos e das empresas do continente, o “Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”.
A pressão internacional se soma a uma inédita reação de mais de 200 organizações, entre ONGs, empresas de agronegócio e do setor financeiro, que enviaram um recado ao Governo nesta terça (22/09) cobrando medidas para reduzir o desmatamento na Amazônia.
A ineficiência apresentada pelo Governo Jair Bolsonaro no combate ao desmatamento da Amazônia pode colocar em risco também o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. A avaliação foi feita por cinco de seis fontes diplomáticas europeias consultadas pelo EL PAÍS.
Um dos alertas mais contundentes de que o país pode começar a perder dinheiro foi dado quando fundos internacionais de investidores, que gerenciam ativos de cerca de 21 trilhões de reais (4 trilhões de dólares), cobrou maior efetividade do Brasil na área ambiental.
Em discurso realizado na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro acusou caboclos e indígenas de causar as queimadas que estão destruindo as florestas brasileiras.
“Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, disse, sem demonstrar qualquer comprovação sobre a declaração.
De acordo com as perícias do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT), os incêndios que atingem a região do Pantanal mato-grossense há cerca de dois meses foram provocados por ação humana. Os incêndios estão deixando um rastro de destruição e animais mortos.
As perícias identificaram queima de pasto, fogo em raízes de árvore para retirar mel de abelha e incêndios em máquina agrícola e em veículo. Outras causas estão sendo investigadas pela Polícia Federal e órgãos estaduais de Mato Grosso. Até o momento, não há nenhum indício de que algum dos incêndios tenha sido provocado por indígenas.
Fonte: El País