82% dos resgatados de trabalho escravo no Brasil são negros
A cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão no Brasil entre 2016 e 2018, quatro eram negros
O trabalho escravo ainda é uma triste realidade no mundo e, infelizmente, no Brasil. Somente no ano passado, 1.054 pessoas foram resgatadas de situações análogas ao trabalho escravo em todo o Brasil. Dos 267 estabelecimentos fiscalizados, 111 tinham trabalho escravo.
E os negros ainda são os mais afetados pelo trabalho escravo no país. Pretos e pardos correspondiam a 82% dos 2,4 mil trabalhadores que receberam seguro-desemprego após o resgate, entre 2016 e 2018. Isso significa que, a cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, quatro eram negros.
Entre os negros resgatados estão principalmente homens (91%), jovens de 15 a 29 anos (40%) e nascidos em estados do Nordeste (46%).
O levantamento foi feito pela Repórter Brasil, com base em dados obtidos da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, por meio da Lei de Acesso à Informação.
O chamado “seguro-desemprego trabalhador resgatado” é um auxílio temporário destinado às vítimas de trabalho escravo. Entre 2016 e 2018, de 2.570 trabalhadores resgatados, 2.481 receberam auxílio (96%), sendo que 343 se autodeclararam brancos e 2.043 negros (soma de pretos e pardos). Os demais se autodeclararam amarelos (18), indígenas (66) ou não fizeram declaração de raça. Os dados do levantamento vêm do cadastro do seguro-desemprego preenchido pelos trabalhadores resgatados pelo governo.
O levantamento também revela que a maioria dos resgatados não concluiu o ensino fundamental: 56%. Entre o total, havia 14% de analfabetos.
Do total de negros resgatados, 62% eram trabalhadores rurais, florestais e da pesca; 29% atuavam na indústria. O estudo ‘Desigualdades Sociais por Cor ou Raça’, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no final do ano passado, mostrou que a população negra representa 64% dos desempregados e 66% dos subutilizados.
Fonte: Repórter Brasil