97% das brasileiras já sofreram assédio no transporte
Os relatos mais comuns envolvendo assédio no transporte são os olhares insistentes e cantadas indesejadas
Por: Isabela Alves
Quase todas as brasileiras maiores de idade (97%) já sofreram assédio sexual no transporte público, transporte por aplicativos ou em táxis. Ainda, 7 em cada 10 mulheres conhecem pelo menos uma mulher que já sofreu assédio em público.
A afirmação é de um levantamento realizado pelo Instituto Patrícia Galvão e pelo Instituto Locomotiva. O estudo entrevistou, em fevereiro deste ano, 1.081 mulheres que utilizaram transporte público ou privado nos 3 meses anteriores à data do início do estudo.
Os relatos mais comuns envolvendo assédio no transporte coletivo são os olhares insistentes (41%), cantadas indesejadas (33%), comentários de cunho sexual (19%), “encoxadas” (35%), toques indesejados no corpo (22%), gestos obscenos (10%) e ser seguida (11%).
Quase metade das brasileiras (46%) não se sente segura em usar os meios de transporte sem sofrer assédio. 45% acreditam que há mais chances de haver punição para o assédio no transporte por aplicativo, contra 27% do transporte público.
Importunação sexual
A Lei nº 2.848, sancionada em setembro de 2018, caracterizou como importunação sexual o ato libidinoso praticado contra alguém, sem autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiros. A pena prevista é de um a cinco anos de cadeia.
A medida ganhou força após a repercussão de casos de homens que estavam se masturbando e ejaculando em mulheres no transporte público.
O texto também torna crime a divulgação, por qualquer meio, vídeo e foto de cena de sexo ou nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima, além da divulgação de cenas de estupro.
A lei aumenta a pena em até dois terços se o crime for praticado por uma pessoa que mantém ou tenha mantido relação íntima afetiva com a vítima, como namorado, namorada, marido ou esposa.