Apenas 2,1% dos 5 mil educadores da USP são pretos ou pardos
O corpo docente é formado, em grande maioria, por brancos. Além disso, a instituição conta com apenas um professor indígena
Por: Mariana Lima
Nos últimos anos, a Universidade de São Paulo (USP) vem se destacando por construir um perfil de alunos mais diverso, principalmente após a adoção das cotas.
Entre 2014 e 2019, o índice de alunos oriundos de escolas públicas passou de 32% para 42%, e o índice de pretos, pardos e indígenas foi de 17% para 25%, sendo que 62% entraram por meio do sistema de cotas.
No entanto, o corpo docente ainda se caracteriza por uma cor predominante: a branca. Dos 5.655 educadores em 2019, apenas 1,8% se definia como pardo, e 0,3% como preto.
Atualmente, só há registro de um educador indígena em São Paulo. No total, brancos correspondem a 90,10% de todo o corpo docente da Universidade.
20 unidades da instituição não possuem nenhum professor que declare pertencer a qualquer um destes grupos (pretos, pardos e indígenas), que representam juntos 37,5% da população do estado de São Paulo.
Entre as unidades que compõem esse perfil estão: a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), a Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq) e o Instituto de Biociências. As informações são do sistema de transparência da USP.
No total, 5 unidades da instituição apresentam um corpo docente mais variado (com a presença de pretos e pardos), sendo elas: a Faculdade de Educação (10%); a Escola de Comunicações e Artes (6,10%); e o Instituto de Relações Internacionais (5,80%).
Para ter uma aula com um professor indígena, os interessados devem seguir para o Instituto de Psicologia, pois é lá que se encontra Danilo Silva Guimarães, descendente dos maxakali e único professor autodeclarado indígena da USP.
Foi durante o curso que Danilo, que cresceu no extremo sul da Bahia, descobriu-se como indígena. Danilo debate sobre como o curso de Psicologia não prepara os alunos para atender pessoas de outras origens culturais.
O professor é responsável pelo projeto Casa de Culturas Indígenas da USP, espaço que promove a realização de diversas atividades acadêmicas e de extensão.
Além disso, ele luta para que a USP desenvolva um vestibular específico para povos indígenas, como já fazem instituições como a Unicamp e a Universidade de Brasília.
O processo específico tende a levar em conta as particularidades do grupo, como o fato de algumas tribos indígenas não terem o português como primeira língua.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Danilo argumentou que a falta de diversidade no corpo docente prejudica a produção de conhecimento na instituição.
Fonte: Folha de S. Paulo