Após mais de 70 anos, sobreviventes do Holocausto se reencontram
Escondido dos oficiais nazistas e com apenas 13 anos na época, o polonês Maxwell Smart encontrou uma bebê e salvou sua vida; após mais de 70 anos, equipe de documentário sobre crianças que sobreviveram ao Holocausto promoveu reencontro entre os dois
Por: Mariana Lima
Em meio às gravações de um documentário sobre três crianças que sobreviveram ao Holocausto e que hoje vivem no Canadá, surgiu a oportunidade de um reencontro.
Quase 75 anos após o fim da 2ª Guerra Mundial, o polonês Maxwell Smart teve a oportunidade de reencontrar a mulher que salvou da perseguição do regime nazista, quando ela ainda era um bebê.
Smart é um dos entrevistados do documentário ‘Cheating Hitler‘, produzido pelo History Channel. Ele é uma das crianças que foram viver no Canadá.
Durante a ocupação da Polônia em 1939, Smart acabou preso em um gueto junto com a irmã e a mãe, enquanto o pai foi morto.
Em 1943, ele e sua família estavam sendo transferidos por militares, quando Smart conseguiu fugir devido à insistência da mãe.
Aos 13 anos, Smart foi viver em uma mata no interior da Europa Oriental para se esconder dos oficiais nazistas e sobreviver.
Durante os meses que viveu ali, Smart construiu um esconderijo na terra. Um dia, ouviu tiros e saiu do local em que estava protegido para ver o que tinha acontecido. Do outro lado do rio que cortava a floresta, Smart encontrou o corpo de uma mulher, e ao seu lado uma bebê, ainda viva.
Ele e outro garoto, com quem dividia o esconderijo, salvaram a bebê. Eles a levaram para um fazendeiro que morava nas redondezas, que encontrou a tia da menina escondida ali perto.
O amigo que dividia o esconderijo com Smart acabou morrendo pouco depois, em consequência da situação precária em que viviam, agravada pela travessia no rio.
Pouco depois, Smart acabou encontrando soldados soviéticos que estavam libertando áreas ocupadas pelos nazistas.
Ele os acompanhou rumo à Romênia e à Hungria. Em 1948, viajou para o Canadá com o apoio do War Orphans Project, e permanece até hoje no país.
Smart não sabia ao certo a região em que estava quando encontrou a bebê, nem o nome da criança. Mas a produção do documentário resolveu investigar.
As pesquisas levaram até uma das responsáveis por encontrar o bebê, que lembrou da história. Além disso, uma mulher escreveu sobre como sua irmã, ainda bebê, foi salva por um garoto nos bosques da Polônia.
Smart soube diante das câmeras que a bebê sobreviveu, que foi batizada de Tava Barkai e teve três filhos. Encontrar Tava trouxe alívio a Smart em relação à morte de seu amigo, ferida que ainda o acompanhava.
“Ele não morreu em vão”, disse para a equipe do filme.
Fonte: Revista Galileu