Até 60% dos pacientes de hospitais da América Latina estão desnutridos
Um estudo latino americano, publicado em inglês na revista espanhola Nutrición Hospitalaria, aponta que em 2016 a desnutrição atingiu de 40% a 60% dos pacientes que dão entrada em hospitais da América Latina. O artigo reúne a análise de 49 estudos de 18 países que mostram dados de pacientes internados em hospitais e de indivíduos tratados em casa (home care).
Em 1996, foi conduzido o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI), um estudo abrangente sobre o estado nutricional de pacientes internados em hospitais de todo o Brasil. Revisada, a pesquisa constatou que a desnutrição atinge metade dos pacientes hospitalizados e também os afeta posteriormente, ao serem tratados em casa, onde muitos sofrem o impacto da negligência no cuidado nutricional, aumentando sua readmissão hospitalar.
Duas décadas após o Brasil ser protagonista no estudo mundial a respeito da desnutrição clínica, o problema permanece grave, com complicadores demográficos, carência de políticas públicas e altos custos econômicos.
De acordo com os autores, diversos estudos demonstram a importância da avaliação nutricional nos hospitais para que a condição seja detectada no início. Novas tecnologias, como a suplementação oral têm sido implementadas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Na ocasião, o IBRANUTRI avaliou 4 mil pacientes com mais de 18 anos, de 14 cidades brasileiras. A prevalência de desnutrição foi particularmente elevada em pacientes com câncer (66,3%), em pacientes com mais de 60 anos (52,8%) e em pacientes com infecções (61,4%). As taxas de desnutrição foram de 33,2% no prazo de dois dias após admissão hospitalar e de 61% quando a internação hospitalar foi maior ou igual a 15 dias após a entrada.
O impacto financeiro também é alto, um estudo de 2003 demonstrou um aumento de 60,5% nos custos de internação dos pacientes com desnutrição clínica. Considerando a ocorrência de complicações e tempo de internação, esses custos apresentaram aumento de até 308,9% quando comparados com a internação de pacientes bem nutridos.