Brasil: apenas 19% das empresas combatem a violência contra a mulher
Estudo avaliou ações de empresas de pequeno, médio e grande porte no combate ao assédio e a outras formas de violência contra a mulher
Por: Mariana Lima
Um estudo ouviu 311 empresas para entender como elas abordam o problema da violência contra a mulher em suas unidades.
A pesquisa ‘Violência e Assédio contra a Mulher no Mundo Corporativo’ foi produzida pelo Instituto Maria da Penha, junto ao Instituto Vasselo Goldoni e o grupo de recrutamento profissional Talenses Group.
De acordo com o material, 68% das empresas consultadas consideram fundamental dedicar tempo à abordagem da violência doméstica a que as funcionárias podem ser expostas.
No entanto, apenas 19% possuem políticas e ações efetivas para o combate ao problema. Deste total, somente 11% declaram que o engajamento ocorre através de campanhas de sensibilização e conscientização.
Outros 9% possuem um canal de ouvidoria para o apoio à mulher, e oferecem acesso a atendimento psicológico fora de suas sedes, além do apoio jurídico.
4% disponibilizam suporte por meio de uma rede de apoio construída por mulheres vítimas de violência, enquanto outros 5% oferecem o atendimento psicológico no ambiente de trabalho.
Além disso, 13% das empresas informaram não saber se possuem mecanismos de enfrentamento à violência doméstica.
Em relação ao perfil das empresas que oferecem o suporte, a pesquisa revela que as de grande porte são as que mais se comprometem quanto ao enfrentamento à violência doméstica.
As empresas de grande porte (com 499 funcionários ou mais) representam 25% das que investem neste problema. Apenas 17% das empresas com até 99 empregados desenvolvem ações e políticas.
Na faixa intermediária (entre 100 e 499 funcionários), 11% realizam iniciativas para abordar a violência contra a mulher.
21% dos negócios classificados como profissionais decidiram colaborar com o combate à violência doméstica desta forma, e 15% das companhias comandadas por famílias.
O estudo também apontou que as empresas estrangeiras tendem a se preocupar mais, sendo que 22% delas contam com ações e políticas. Entre as nacionais, o índice é de 17%.
Somente 26% afirmaram monitorar os casos de violência contra funcionários e intervir nos casos, contra 55% que declararam não acompanhar.
As justificativas apresentadas variam entre “não está na agenda prioritária da organização” (33%); e a dificuldade de mensurar e controlar (13%).
Sobre o assédio sexual e moral, o estudo aponta que o setor industrial apresenta um cenário positivo: 74% das empresas afirmaram desenvolver iniciativas para enfrentar esses crimes. Os setores de comércio e serviços apresentam, respectivamente, 57% e 54%.
Em relação ao assédio, empresas de perfil profissional (66%) com mais de 499 funcionários (77%), formadas majoritariamente por mulheres (64%) possuem a maior adesão ao combate.
Os dados levantados pelo estudo revelam que 60% das empresas participantes adotam ações de combate ao assédio e que o canal de denúncias é o principal meio (38%).
Fonte: Huffpost Brasil