Brasil discute privatizar SUS e 71% da população não tem convênio médico
Os resultados da última pesquisa realizada pelo DataSenado indicam que 71% da população brasileira não tem plano de saúde
Esta semana, um decreto do presidente Jair Bolsonaro causou grande polêmica. O documento autorizava o Ministério da Economia a realizar estudos sobre a inclusão das Unidades Básicas de Saúde (UBS) dentro do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI).
Na prática, isso poderia abrir espaço para a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a grande repercussão negativa, o governo revogou o decreto ontem (28/10).
O PPI é o programa do governo que trata de privatizações em projetos que incluem desde ferrovias até empresas públicas. O texto do decreto 10.530 afirmava que a “política de fomento ao setor de atenção primária à saúde” estaria “qualificada” para participar do PPI.
Segundo o decreto, os estudos sobre as UBS deveriam avaliar “alternativas de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.
Os resultados da última pesquisa realizada pelo DataSenado indicam que 71% da população brasileira não tem plano de saúde. Desses, 64% afirmam que nunca tiveram e outros 36% que já tiveram, mas precisaram cancelar. Aproximadamente 80% deixaram de ter plano de saúde há mais de um ano.
Os principais motivos para o abandono foram “não ter mais condições financeiras de pagar” (46%) e “sair de empresas que forneciam plano de saúde” (42%).
Em um país que passa por um dos momentos de maior desemprego da história, com mais de 10 milhões de brasileiros passando fome e 70% da população sem convênio médico, fica difícil discutir a possibilidade de privatizar a saúde.
No momento, milhões de brasileiros não têm dinheiro nem para comer, muito menos para pagar por serviços de saúde. Isso explica a pior reação negativa do governo em uma das maiores mídias sociais, o Twitter, com 98,5% contra o estudo para privatização do SUS. A revogação foi comemorada no país, que passa uma das suas piores crises.