Brasil recebe críticas sobre postura do governo em sabatina da ONU
Delegação brasileira calou-se ao ser questionada sobre ataques do presidente Jair Bolsonaro a Michelle Bachelet
Em uma sabatina realizada pela ONU, na cidade de Nova York, o Brasil recebeu várias críticas sobre os ataques do chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, à alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Bolsonaro defendeu a tortura e morte de Alberto Bachelet, pai de Michelle Bachelet. “Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, escreveu o presidente em sua página no Facebook.
Os representantes do governo presente calaram-se diante das críticas. O constrangimento ficou evidente quando o moderador do encontro e subsecretário-geral da ONU para Direitos Humanos, Andrew Gilmour, também aproveitou o momento para criticar duramente a postura de Bolsonaro. “Eu preciso dizer que eu também fiquei atordoado com os ataques por parte do presidente Bolsonaro contra a alta comissária e ao seu pai, que foi torturado e morto”, disse. A frase deixou claro o profundo impacto que o comportamento do presidente teve dentro da ONU.
A organização da sociedade civil Conectas questionou o que o Brasil faria para garantir uma relação positiva do governo com o Escritório de Direitos Humanos da ONU diante dos recentes ataques de Bolsonaro contra a alta comissária.
A delegação brasileira, ao tomar a palavra, falou de vários outros temas que também haviam sido questionados, como população LGBT, Venezuela e papel das ONGs, mas ignorou a pergunta sobre Bachelet.
Gilmour não conseguiu conter uma expressão de surpresa diante da ausência de uma resposta do governo.
A entidade Human Rights Watch também cobrou respostas sobre como o governo pretende agir para proteger ambientalistas, defensores de direitos humanos e indígenas. A delegação brasileira, ao responder, adotou o novo mantra do governo: o de que as queimadas na Amazônia não foram maiores que em anos anteriores e que o Planalto está comprometido a lutar contra o fogo.
O Brasil é um dos candidatos que buscam uma vaga no Conselho de Direitos Humanos da ONU. A eleição está marcada para outubro.
Fonte: Blog do Jamil Chade, do UOL