Brasil registra mais de 40 mil denúncias de pornografia infantil
De março a julho deste ano, o Brasil teve 42.931 registros de pornografia infantil na internet, mais que o dobro do número registrado no mesmo período em 2019. Com a pandemia, crianças passaram a ficar mais expostas a violações na internet e em casa
Por: Isabela Alves
Os crimes cibernéticos tiveram aumento de 5.000% desde o início do isolamento social. Entre os crimes cometidos, está a procura por pornografia infantil.
De acordo com um levantamento feito pela Safernet a pedido do Intercept, entre março e julho de 2020, primeiros meses de pandemia, foram registradas 42.931 denúncias de pornografia infantil. Durante o mesmo período do ano passado, haviam sido 20.860.
O compartilhamento desse tipo de conteúdo criminoso se concentra, principalmente, no Twitter, Facebook e Instagram, além de fóruns anônimos (os “chans”) e sites de troca de arquivos de imagem.
A Safernet atua desde 2005 no combate a crimes e violações de direitos humanos na rede, através de canais de denúncias como o Denuncie.org.br. O levantamento considerou manifestações recebidas na plataforma da ONG e analisadas pelo núcleo técnico de combate aos crimes cibernéticos da Procuradoria da República em São Paulo.
Cada denúncia corresponde a um link. Cada um desses links é avaliado posteriormente para saber se há crime ou não.
Para Yasodara Córdova, pesquisadora de tecnologia e sociedade, aluna do mestrado em políticas públicas da Harvard Kennedy School, o fato de as crianças não estarem indo para a escola as deixa mais vulneráveis a violações cometidas dentro de suas próprias casas.
A ONG Aldeias Infantis SOS Brasil alerta que, ao mesmo tempo em que as crianças passaram a ficar mais tempo conectadas, tanto para atividades escolares, quanto para o lazer, também aumentou o risco de elas se tornarem vítimas de aliciadores em busca de fotos e vídeos.
Os aliciadores têm técnicas para se aproximar das crianças, ganhar a sua confiança, para depois pedir fotos em troca de “presentes”. Muitas vezes, a criança nem tem consciência da conotação sexual do pedido. E, após conseguir os primeiros conteúdos, eles passam a chantagear a criança para conseguir mais.
Para proteger as crianças desse crime, a instituição afirma que é necessário criar um ambiente de confiança com as crianças para que elas digam aos pais que estão passando por essa situação. Para os responsáveis, é necessário olhar as redes que elas estão acessando e manter os seus perfis no privado. Também é possível ativar um dispositivo de segurança que bloqueia conteúdos impróprios.
Fontes: The Intercept e Aldeias Infantis SOS Brasil