Brasil teve 351 denúncias de turismo sexual infantil
Dado é referente ao período de janeiro de 2011 a junho de 2019, mas exploração sexual é subnotificada
6,62 milhões de turistas estrangeiros visitaram o Brasil em 2018, segundo dados do Ministério do Turismo e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Infelizmente, alguns destinos brasileiros se consolidaram nas últimas décadas como rotas de sexo fácil e barato. Em partes, essa visão foi resultado de desastradas campanhas de divulgação do país no exterior, realizadas pela Embratur nas décadas de 1970 e 1980. Essas campanhas vendiam o Brasil como um lugar de praia, samba e mulheres.
Até hoje essa visão não foi completamente superada. O próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer, em abril do ano passado, que “quem quiser vir aqui [ao Brasil] fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. A declaração gerou polêmica, uma nota de repúdio assinada por mais de 100 entidades e campanhas de governos de diversos estados do Nordeste contra o turismo sexual.
Crianças e adolescentes
Crianças e adolescentes brasileiros foram inseridos em um comércio muito bem estruturado, articulado em rede e que muitas vezes conta com o apoio de atores como taxistas, garçons e profissionais do setor hoteleiro.
Um balanço geral divulgado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos mostra que, no período de janeiro de 2011 a junho de 2019, o Disque 100 recebeu 351 denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes no turismo.
As denúncias de turismo sexual envolvendo vítimas crianças e adolescentes vieram de todos os estados brasileiros, mostrando que o problema atinge todo o país. Os estados que tiveram mais denúncias foram Pará e Rio de Janeiro.
Os números, no entanto, estão longe da realidade. A exploração sexual de crianças e adolescentes no turismo é muito maior.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2018 mostrou que 24% dos entrevistados declararam ter testemunhado alguma situação de exploração sexual infantil. Mas 72% deles não denunciaram.
Além disso, um levantamento divulgado pela empresa especializada em monitoramento de riscos digitais Axur, na esteira da Copa, mostrou que mais de 3 mil sites haviam sido criados entre 2013 e 2015 para vender pornografia ou turismo sexual no Brasil.