Brasileiros realizam pesquisa na Antártica para criar novos medicamentos
Pesquisa realizada no continente gelado aponta que fungos presentes na região podem produzir medicamentos contra doenças tropicais, como a dengue e a malária
Por: Mariana Lima, com informações da Agência Einstein
Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo um estudo sobre fungos na nova base brasileira no continente gelado, a Estação Antártica Comandante Ferraz, reinaugurada este ano, após ser destruída por um incêndio.
Conduzido pelo professor Luiz Henrique Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudo visa descobrir se os micro-organismos presentes na região podem funcionar como “fábricas” para a produção de remédios.
O professor e sua equipe buscam fungos capazes de produzir substâncias contra doenças tropicais como Leishmaniose, dengue, zika, chikungunya e malária.
A pesquisa faz parte do projeto MycoAntar, fruto de uma parceria entre a UFMG e o Instituto René Rachou, filial da FIOCRUZ em Minas Gerais.
O projeto está ativo desde 2014, e já recolheu cerca de 12 mil espécies de fungos, representando uma das maiores coleções desses agentes infecciosos no mundo.
O vasto território antártico apresenta a maior biodiversidade microbiana do planeta. Essa riqueza é potencializada pela diversidade e o isolamento ao qual os micro-organismos são submetidos.
A equipe brasileira precisa encarar um desenvolvimento mais lento de suas atividades devido às condições extremas a que é exposta.
Quando as amostras são coletadas, seu material genético é analisado para observar a existência de substâncias com potencial farmacológico. Se encontrado esse potencial, o composto é isolado.
Em média, de 10% a 20% dos fungos analisados mostram-se capazes de produzir substâncias a serem exploradas pelos pesquisadores.
Ao longo do projeto MycoAntar, foram identificados fungos que produzem compostos com potencial para tratar doenças como chagas, zika e febre amarela.
Outra descoberta do estudo foi a de um extrato inibidor do vírus da dengue. Conhecido como meleagrina, o extrato já havia sido encontrado em fungos marinhos, mas ao ser observado na Antártica os pesquisadores viram a oportunidade de reduzir o alto preço do extrato, que chega a R$ 1 mil por miligrama.