Campanha ‘Não se cale’ estimula denúncias de violência contra crianças
Campanha é realizada devido à queda nas denúncias em São Paulo após o fechamento das escolas, que ajudam a identificar os casos de violência contra crianças
Por: Mariana Lima
Em comparação com o mês de abril de 2019, o número de ocorrências de crimes contra crianças e adolescentes diminuiu quase 70% em abril deste ano, em São Paulo. O dado foi observado pelo Departamento de Política Judiciária da Macro Região (Demacro), e preocupa entidades e profissionais que trabalham com os direitos de crianças e adolescentes.
Essa preocupação se deve à inexistência de motivos que justifiquem a redução observada, levando à conclusão de que os casos de violência contra crianças e adolescentes estão subnotificados devido à quarentena em São Paulo.
No total, foram 236 ocorrências de crimes em abril de 2020, contra 736 no mesmo período no ano passado, segundo o Demacro. Já na Justiça do Estado, o número de ocorrências mês de abril caiu 40%.
Visando estimular as denúncias contra agressores em meio à quarentena, o Tribunal de Justiça de São Paulo lançou a campanha ‘Não se cale! Violência contra a criança é covardia, é crime! Denuncie!’.
A campanha não tem como público-alvo apenas a criança vítima da violência – que busca acolher e informar -, mas também o adulto que convive com a criança, conhecidos e estranhos que possam identificar sinais da violência.
O isolamento propicia um maior convívio entre crianças e adultos, potencializando a ocorrência de situações de estresse que podem levar à violência.
Além disso, a organização da campanha ressalta que os professores são um dos principais denunciadores, mas com as escolas fechadas ficam impossibilitados de fazer este trabalho.
Para que a campanha alcance o público infantil, foram produzidos vídeos interativos e educativos dentro do universo destes menores. A produção ficou a cargo do grupo artístico Palhaços sem Juízo, que trabalha com o acolhimento de crianças e adolescentes vítimas de agressões nos fóruns criminais da Barra Funda e de São Miguel Paulista (SP), para auxiliar as vítimas no depoimento.
O grupo atua defendendo a ideia de que “não é a criança que deve se adaptar à Justiça, mas a Justiça que deve se adaptar à criança”. Os palhaços circulam pelo Fórum, mas quando estão nas salas são acompanhados por psicólogos e assistentes sociais no momento de interação com as vítimas, visando deixá-las confortáveis para realizarem o depoimento.
Fonte: El País Brasil