Covid-19 e garimpo ilegal ameaçam a vida dos indígenas da Amazônia
Povos indígenas precisam lidar com riscos trazidos pela pandemia de Covid-19 e com intensificação de atividades ilegais em suas terras
Por: Isabela Alves
De acordo com dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena, quatro indígenas brasileiros já morreram por causa da Covid-19 e 92 indígenas foram diagnosticados com a doença. A maioria dos casos do novo coronavírus entre os povos indígenas das Américas se encontra na região amazônica, sendo 3 no Peru e 42 no Brasil.
A etnia sateré-mawé, que é conhecida por ser inventora da cultura do guaraná, é uma das mais afetadas pelo coronavírus. Além do caso de contágio confirmado, existem vários suspeitos e a morte de uma das mais importantes lideranças do povo Sateré-Mawé, o tuxaua Otávio dos Santos, de 67 anos, abalou a aldeia.
Com essa morte, a terra indígena entrou em isolamento social rigoroso há quase um mês. No entanto, os povos indígenas estão sofrendo com a falta de produtos básicos de higiene e de alimentos essenciais, por isso alguns estão recorrendo à pesca e à caça.
Além de enfrentar todos esses desafios impostos pela pandemia de Covid-19, os povos originários do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa estão tendo que lidar com a intensificação da atividade ilegal de garimpeiros e madeireiros.
A etnia Yanomani, que vive entre o Brasil e a Venezuela, é um dos povos mais ameaçados em relação à mineração ilegal. Estima-se que mais de 20 mil garimpeiros ilegais estejam invadindo as terras. As populações indígenas Wayana, Teko e Wayãpi, que vivem na Guiana Francesa, também enfrentam este problema e começaram a construir no fim de março uma barreira para bloquear a passagem dos mineradores.
Fonte: El País Brasil