Desigualdade: risco de morte em UTI pública é maior do que na privada
A mortalidade em UTIs públicas no Brasil chega a 53%, contra 30% nas UTIs privadas
Por: Mariana Lima
Segundo dados compilados pela revista Piauí, o risco de morrer de Covid-19 em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pública no Brasil é maior que em uma privada.
A mortalidade de pacientes com Covid-19 internados nas UTIs privadas foi de 30%, contra 53% nas UTIs públicas.
A região Norte foi a mais afetada por este quadro. De acordo com dados de um estudo publicado na revista The Lancet Respiratory Medicine, a mortalidade dos pacientes com Covid internados em UTIs na região é maior do que a média nacional.
No total, 79% das pessoas internadas em UTIs na região Norte entre fevereiro e agosto de 2020 morreram. No Nordeste, a mortalidade foi de 66%; no Sul, 53%; no Centro-Oeste, 51%. Já na região Sudeste, que registrou a menor taxa, o risco de morte em UTI foi de 49%.
O estudo ainda pontua que alguns grupos têm maior risco de desenvolver as formas mais graves da Covid-19, como é o caso de idosos acima de 60 anos.
Ainda assim, a mortalidade de pacientes mais jovens no Brasil também é significativa. Entre fevereiro e agosto de 2020, 31% dos pacientes nordestinos com menos de 60 anos morreram – o dobro do registrado no Sul, onde 15% das pessoas dessa faixa etária que estavam internadas morreram.
O levantamento ainda reforça outro problema que já vem sendo apontado em diversas pesquisas: pobres, negros e pessoas de baixa escolaridade enfrentam um maior risco de morrer por Covid-19 na cidade de São Paulo.
A possibilidade de uma pessoa parda morrer da doença é 42% maior que a de uma pessoa branca. Para uma pessoa preta, o risco é 77% maior que o de uma pessoa branca.
Neste cenário, o risco de morrer por Covid-19 no Brasil é maior do que nos Estados Unidos (EUA). Enquanto os estadunidenses lidam com uma taxa de 1,8% de mortalidade, a do Brasil está em 2,5%.
O estudo ainda indica que, em casos de internação devido à Covid-19, no Brasil, o risco de morte de todos os hospitalizados foi de 38%, subindo para 59% se o paciente foi para a UTI e chegando a 80% em caso de intubação.
Fonte: Revista Piauí | Folha