Desmatamento em Terras Indígenas aumenta 59% na pandemia
Enquanto isso, governo elabora ações que estimulam invasões e desmatamento, além de dificultar a fiscalização nas Terras Indígenas
Por: Júlia Pereira
Nos quatro primeiros meses de 2020, os alertas de desmatamento em Terras Indígenas (TIs) da Amazônia brasileira aumentaram 59% em comparação ao mesmo período do ano passado.
O número representa 1.319 hectares – o equivalente a 1.800 campos de futebol – contra 827 hectares em 2019.
Os dados foram divulgados pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O mapa abaixo, divulgado pelo Greenpeace Brasil, mostra como o desmatamento está atingindo as TIs:
O aumento do desmatamento representa o avanço descontrolado de madeireiros, grileiros e garimpeiros na floresta, que podem, além disso, levar o vírus para as comunidades indígenas.
O descaso do governo sobre a situação também é uma ameaça, já que, em meio ao desmatamento, aproveitou para exonerar profissionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o que enfraquece ainda mais a fiscalização.
Além disso, por meio da Instrução Normativa 09 da Fundação Nacional do Índio (Funai), o governo promove estímulos à invasão de Terras Indígenas ainda em processo de demarcação.
Já a Medida Provisória (MP) 910/2019, conhecida como ‘MP da grilagem’, promete a regularização de terras públicas que tenham sido invadidas até 2018. A MP pode ser aprovada até o dia 19 de maio.