Durante a quarentena, mais de 900 mulheres desapareceram no Peru
A média de desaparecimentos diários de mulheres e meninas no Peru subiu de cinco para oito, após o início da pandemia. Mais de 70% das desaparecidas são crianças e adolescentes
Por: Mariana Lima
De acordo com dados da Defensoria do Povo no Peru, mais de 900 mulheres e meninas, sendo a maioria menor de idade, desapareceram no país durante os três meses e meio de quarentena nacional para conter o avanço da Covid-19.
O desaparecimento de mulheres é um problema recorrente no país. Antes do período de confinamento, eram relatados, em média, 5 casos diários.
No entanto, o período de isolamento social durante a crise sanitária fez essa média subir para 8 casos por dia no país. No total, entre 16 de março e 30 de junho, 915 mulheres e meninas foram registradas como desaparecidas no país.
Vale apontar que algumas mulheres reapareceram tempos depois, mas, por falta de um registro nacional, não há como saber quantas seguem desaparecidas.
Além disso, os registros de desaparecimento de meninas e adolescentes são os mais altos, excedendo 70% do número total registrado.
Com base nas análises de organizações feministas no país, a polícia e os promotores não costumam investigar estes casos, porque defendem que elas saíram voluntariamente.
Nestes casos, os investigadores não levam em conta o alto número de feminicídios, tráfico de seres humanos e prostituição forçada no país.
Ainda assim, alguns casos ganham repercussão suficiente para chamar atenção para o problema. Em janeiro deste ano, o caso da estudante universitária e ativista contra a violência de gênero Solsiret Rodrígues ganhou destaque na mídia.
Ela desapareceu há três anos e seu paradeiro não despertou a atenção das autoridades locais até que seu corpo fosse encontrado mutilado em Lima.
No ano passado, 166 feminicídios foram registrados no Peru e cerca de 10% deles foram catalogados como desaparecimentos. Nos primeiros dois meses da quarentena no país, ocorreram 12 feminicídios e 26 tentativas deste crime.
No total, 226 meninas e adolescentes foram vítimas de abuso sexual e 27.997 denúncias de violência doméstica foram feitas por telefone, de acordo com dados do Ministério da Mulher no país.
Fonte: Agência AFP via G1