Em 2018, Brasil investiu mais em armamento do que na população infantil
Estudo revelou que 5,1% do PIB do país foi destinado para a compra de armamentos, enquanto apenas 1,33% foi para políticas públicas voltadas para a infância
Por: Mariana Lima
A organização não governamental Save The Children, em parceria com o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca Ceará), produziu o estudo ‘Infância, Gênero e Orçamento Público no Brasil’.
O estudo traz um novo panorama sobre a desigualdade de gênero na educação, no investimento público destinado a mulheres e meninas, e sobre as violações de direitos de crianças no Brasil, Peru e na Guatemala.
O estudo analisou os dados orçamentários do país, considerando gênero, região e classe social. No cenário nacional, houve diminuição nos recursos destinados para ações estratégicas de combate ao trabalho infantil entre 2014 e 2018, indo de R$ 70 milhões para R$ 10 milhões.
Além disso, a Save The Children concluiu que o Brasil investiu quatro vezes mais recursos na compra de armamentos do que em políticas públicas para crianças e adolescentes de 2017 para 2018.
No total, 5,15% do Produto Interno Bruto do país foi destinado para a aquisição de armamentos, enquanto apenas 1,33% foi para políticas destinadas para crianças e adolescentes.
Em Fortaleza, o programa ‘Cada Vida Importa’, que atua na prevenção de homicídios de crianças e adolescentes, apresentou uma redução de 96,4% dos recursos previstos para o ano de 2018. Os R$ 2,2 milhões iniciais se transformaram em R$ 79,5 mil.
Com este cenário, o município registrou um aumento de 90,32% no número de meninas mortas entre 10 e 19 anos, enquanto a população masculina obteve uma redução de 34,99% entre 2017 e 2018.
Ainda de acordo com a pesquisa, 23,3% das mulheres e adolescentes entre 15 e 29 anos tiveram que deixar os estudos para cuidar da casa ou de uma pessoa no Brasil.
Na região Norte, o índice de mulheres jovens que não estão estudando em consequência das tarefas domésticas ou cuidado com terceiros alcança 31,7% do total, sendo o maior do país.
Já a região Nordeste apresenta a maior diferença entre os sexos: 26,4% das jovens abandonam os estudos devido aos afazeres domésticos. Entre os homens, o índice não passa de 0,07%.
Até o momento, o relatório completo do estudo está disponível apenas em espanhol. Para acessá-lo, clique aqui.