Em 2018, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no Brasil
Dados do Atlas da Violência 2020 apontam para uma queda em relação ao ano anterior. De cada três mulheres mortas, duas eram negras
Por: Mariana Lima
Apesar de as mulheres serem parte minoritária das vítimas de homicídio no Brasil, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no país em 2018. Foram 4.519 vitimas de homicídio, o que representa uma taxa de 4,3 a cada 100 mil habitantes.
Os dados foram apresentados pelo Atlas da Violência 2020. De modo geral, a taxa de homicídios contra mulheres teve queda de 9% entre 2017 e 2018.
O levantamento ressalta que de cada três mulheres mortas, duas (68%) eram negras. Entre 2008 a 2018, a taxa de homicídio de mulheres negras cresceu 12,4%, enquanto a de mulheres não negras diminuiu 11,7%.
Essa análise considera todos os assassinatos de mulheres, e não apenas os feminicídios (aqueles que ocorrem apenas pelo fato de ser mulher).
Entre 2008 e 2018, o Brasil teve um aumento de 4% nos assassinatos de mulheres. Em alguns estados, a taxa de homicídios em 2018 eram que o dobro das taxas em 2008.
Exemplos deste quadro podem ser observados no Ceará, onde os homicídios de mulheres aumentaram 278%, em Roraima (+186%) e no Acre (+126%).
Violência infantil
O estudo ainda destaca que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor desde 1991, diminuiu a escala da violência contra jovens no país.
Antes do ECA, era registrado um crescimento médio de 8,3% ao ano entre vitimas de 15 a 19 anos, por exemplo. Depois, desacelerou para 2,6%. Entre 0 e 19 anos, era de 7,8% e baixou para 3,1% com o estatuto.
Os pesquisadores ainda creditam essa queda ao Estatuto do Desarmamento, sancionado em 2003, que tirou armas de circulação. Na média nacional, 71% dos homicídios são cometidos usando armas de fogo.
Origem dos dados
Os dados foram apresentados pelo Atlas da Violência 2020, Elaborado pelo Fórum Brasileiros de Segurança Pública e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.
Os negros são representados pela soma de pretos e pardos e os não negros são os brancos, amarelos e indígenas, com base na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Folha de S.Paulo