Em 2019, mortes de bebês indígenas cresceram 12% no Brasil
Entre as principais causas está o fim do convênio entre o programa Mais Médicos e o governo cubano
Por: Isabela Alves
Entre janeiro e setembro de 2019, 530 bebês indígenas de até um ano de idade morreram. Em relação ao mesmo período de 2018, houve um aumento de 12% no número de mortes. Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos, por meio da Lei de Acesso à Informação, pela BBC News Brasil.
Entre as principais causas para o aumento da mortalidade de bebês indígenas, segundo especialistas, estão o fim do convênio entre o programa Mais Médicos e o governo de Cuba, no fim de 2018, e mudanças na gestão de saúde indígena no governo Jair Bolsonaro.
Em janeiro de 2019, um mês após a saída dos médicos cubanos, houve 77 mortes de bebês indígenas. Este é um recorde para um único mês desde o início da série histórica, em 2010.
Os 301 médicos cubanos trabalhavam em mais da metade (55,4%) dos postos médicos que cuidavam da saúde dos indígenas. Mesmo após a reposição com profissionais brasileiros, muitos líderes comunitários apontaram uma piora no atendimento.
Em 2019, as principais causas de morte dos bebês indígenas foram afecções originadas no período perinatal (24,5%), doenças do aparelho respiratório (22,6%) e algumas doenças infecciosas e parasitárias (11,3%).
A saúde dos povos indígenas é de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que cuida de 35 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Entre 2018 e 2019, houve aumento da mortalidade de bebês em 18 destes distritos, sendo que os povos Yanomami (97), Alto Rio Solimões (54) e Xavante (47) foram os mais afetados.
Fonte: BBC News Brasil