Em cinco estados brasileiros, UTIs têm mais de 90% de ocupação no SUS
Enquanto leitos de UTI do SUS chegam ao limite, sobram vagas nos hospitais privados
Por: Mariana Lima
De acordo com um levantamento da Agência Pública, com base em dados das secretarias de saúde estaduais, para cada um dos leitos livres nas unidades de tratamento intensivo (UTIs) em hospitais públicos do Amazonas, há três desocupados no sistema privado.
O quadro comparativo se repete em outros estados como o Rio Grande do Norte, em que três quartos das UTIs públicas para pacientes com Covid-19 estão ocupadas, enquanto o sistema particular está com a lotação próxima à metade.
O panorama apresentado no levantamento expõe o quadro de desigualdade no acesso à saúde no país: em diversas regiões, as UTIs do SUS têm registrando ocupação muito acima das UTIs do sistema privado.
Vale ressaltar que em todos os estados brasileiros a maioria da população não tem acesso a planos de saúde privados, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
No total, cinco estados no país estão com os leitos de UTI públicos com 90% da lotação, prejudicando o tratamento de pacientes em situação grave de Covid-19. São eles: Amazonas, Acre, Ceará, Pernambuco e Roraima.
Outros estados apresentam mais de 75% de UTIs públicas ocupadas: Rio Grande do Norte, Pará, Maranhão e Espírito Santo. Já estados como Paraíba, Bahia, Rondônia e Alagoas estão com mais da metade das UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) ocupadas.
Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe estão com mais de 50% de ocupação em suas UTIs, no entanto, não separam os dados do sistema privado e do público.
No estado do Amazonas, o primeiro em que as autoridades anunciaram o colapso no sistema de saúde, a lotação das UTIs públicas está em 93,59%, apontou o último mapeamento de leitos realizado pela Secretaria de Saúde. Enquanto isso, o sistema particular tem uma ocupação de 76,98%. O levantamento ainda revela que 54 leitos de UTIs estão livres nos hospitais privados.
Uma reportagem produzida pelo UOl revelou que as pessoas que podem pagar tem recorrido a UTIs aéreas particulares para serem internados em hospitais do Distrito Federal e nos estados do Sudeste. Vale salientar que um voo do tipo de Manaus a São Paulo custa em média R$ 80 mil, podendo chegar a R$ 200 mil.
O levantamento ainda indica que, no estado do Amazonas, apenas 12% da população tem acesso à saúde privada. A situação também se agrava no Rio Grande do Norte, onde 77% das UTIs públicas estão ocupadas contra 53,73% no sistema privado.
Fonte: Agência Pública