Em Minas Gerais, bordadeiras espalham versos durante o isolamento
Ação faz parte de herança cultural do Vale do Jequitinhonha e se tornou uma fonte de renda para projeto de suporte às comunidades afetadas pela pandemia na região
Por: Mariana Lima
Antes da pandemia, as rodas de versos realizadas entre os moradores do Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas Gerais, eram apenas uma forma de interação durante o trabalho ou nas horas de lazer.
No entanto, com as medidas de isolamento social, essa herança cultural se tornou um ganha-pão para moradores vulneráveis socieconomicamente diante dos impactos da pandemia.
Com a queda nas ofertas de trabalho e de geração de renda, a ONG Ajenai desenvolveu o projeto ‘Versinhos de Bem-Querer’ para transformar a tradição durante o isolamento. Assim, os versinhos das rodas são comercializados em uma plataforma online, por R$ 26 cada, feitos sob medida e em home office.
Toda a verba arrecadada retorna para o fundo solidário do projeto, que atende as comunidade de Alves, Poções, São João dos Marques, São João de Baixo, Curtume e Ribeirão, localizadas no Vale do Jequitinhonha.
Os versos das rodas são produzidos pelas mulheres das comunidades, sendo que algumas participam de outro projeto da Ajenai, o ‘Mulheres do Jequitinhonha’, que agrega bordadeiras e tecelãs da região.
As bordadeiras aceitam pedidos, basta que os interessados mandem a descrição da pessoa que querem homenagear nos versos, que elas transformam em poesia junto com alguns versos tradicionais.
Os versos tradicionais do Vale do Jequitinhonha têm, cada um, seu próprio ritmo e são utilizados de acordo com a personalidade homenageada. Se a pessoa for mais animada, ganha um verso de ritmo mais alegre.
Os versos são enviados por WhatsApp e podem ser compartilhados para todos que quiserem ouvir. A ONG que acompanha as bordadeiras criou uma página em uma rede social para divulga o projeto ‘Versinhos de Bem-Querer’.
Fonte: Folha de S. Paulo