Em São Tomé e Príncipe, crianças consomem álcool com frequência
De acordo com estudo, 58% dos meninos e 43% das meninas em idade escolar consomem álcool no país africano. Fome e pobreza seriam os principais fatores
Por: Mariana Lima
Um estudo realizado pela pesquisadora Isabel de Santiago, do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Universidade de Lisboa (FMUL), apontou que crianças de São Tomé e Príncipe consomem álcool desde pequenas.
O amplo estudo sobre a realidade do país da Africa Central será divulgado na íntegra em junho de 2020, na revista Acta Médica Portuguesa.
No total, a pesquisadora entrevistou 16 mil alunos do ensino público no país, tendo uma amostragem de 12% para desenvolver o estudo.
As conclusões alcançadas pela especialista em saúde são de que aproximadamente 58% dos meninos e 43% das meninas em idade escolar consomem álcool.
Isabel viaja muito ao país, e começou suas pesquisas visitando comunidades e fotografando o cotidiano destes jovens e crianças com o álcool.
Ela observou que muitas mães bebem durante a gravidez, o que possibilita que seus filhos nasçam com a síndrome da abstinência.
O estudo da pesquisadora aponta para a inexistência de uma política de comunicação, educação em saúde e estudos sobre o consumo de álcool e drogas entre os jovens.
Além destes pontos, Isabel também constata em seu estudo que o acesso às bebidas alcoólicas gera, de forma indireta, um aumento no número de casos de abusos sexuais.
A maioria das bebidas consumidas pelas crianças e jovens no país não passa por nenhum tipo de controle industrial ou sanitário.
Entre a população, os homens consomem as bebidas alcoólicas por verem relação com a virilidade, enquanto as mães oferecem as bebidas às crianças de seis ou sete anos em jejum para matar lombrigas.
O consumo está relacionado diretamente à pobreza, já que boa parte da população não tem dinheiro para comprar comida, e acaba optando pela bebida, que é mais barata.
A análise da pesquisadora é alvo de críticas, como as de Wildiley Barroca, ex-presidente da União Africana da Juventude.
Ele aponta que não se pode utilizar dados recolhidos apenas por amostragem para caracterizar algo como um problema nacional. Apesar das críticas, ele reconhece a gravidade do problema de consumo excessivo de álcool entre os jovens do país.
Fonte: Época