Empresário faz e doa máscaras contra Covid-19 para hospitais em SP
Alexandre Solon Osmano trabalha com a produção de peças e estruturas cenográficas para festas e outros eventos sociais, e foi afetado diretamente pelo cancelamento de atividades envolvendo muitas pessoas. Mas resolveu usar seu conhecimento e suas impressoras 3D para produzir máscaras para profissionais da saúde
Com a chegada da Covid-19 ao Brasil, o isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a fazer parte da vida de milhões de brasileiros.
Mesmo sendo a melhor alternativa para desacelerar o avanço do novo coronavírus, causador da Covid-19, evitando um aumento exponencial dos mortos e infectados no Brasil, o isolamento trouxe dificuldades que vão além do aspecto emocional. Milhões de brasileiros já estão sendo afetados financeiramente.
O ramo de festas foi um dos primeiros a sentirem o impacto. Milhares de festas foram adiadas e contratos cancelados.
Foi o que aconteceu com o empresário Alexandre Solon Osmano, dono da 3Desart Cenografia. “Nosso ramo foi o primeiro a ser atingindo pela pandemia, todos os alvarás e contratos foram suspensos, alguns cancelados e outros adiados”, explica Alexandre. Mesmo com dificuldades em seu ramo de trabalho, o empresário decidiu ajudar hospitais sobrecarregados no combate ao coronavírus.
“Eu sou um entusiasta da tecnologia, fico sempre antenado em movimento maker que rola pelo mundo, e vi o projeto do Josef Prusa, ‘inventor’ de uma máscara FACE SHIELD. Então, baixei o projeto Open Source dele e comecei a produzir as máscaras nas minhas impressoras 3D”.
O empresário começou com a produção de 25 máscaras por dia, mas, vendo a urgência da questão e a grande demanda por máscaras, começou uma campanha nas redes sociais pedindo mais material para a confecção.
“Percebi que a necessidade era muito maior do que eu imaginava e então decidi fazer o meu próprio projeto, utilizando o maquinário que estava parado na minha empresa e utilizando materiais alternativos”. Com isso, ele passou a ter capacidade de produzir até 600 máscaras por dia. Hoje a meta de Alexandre é confeccionar 1 mil máscaras por dia.
O empresário, mesmo tendo dificuldades financeiras, é a favor do isolamento. “Prefiro sempre acreditar na ciência, acredito que teremos muitas vítimas, mas bem menos do que teríamos se não tivéssemos entrado em isolamento. Acho que o momento é de preservar vidas. A economia, a gente recupera”.
Ele cita a história de sua família como exemplo de que às vezes as adversidades são grandes, mas que é possível superá-las. “Sou bisneto de portugueses. Quando meu chegou ao Brasil foi pra São Paulo e construiu sua vida retirando areia do rio Tietê. Então a palavra é trabalho. Quando tudo passar, vamos trabalhar igual nosso antepassados quando começaram a construir nosso país.”
Quando foi entregar as máscaras nos hospitais de São Paulo, Alexandre viu de perto as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da saúde. “É difícil você escutar de um médico que ele vai ter que escolher a quem dar um aparelho (respirador mecânico)”. Ele tem que escolher quem vai viver ou morrer”, lamenta o empresário. Em março, 78% dos leitos de UTI no Brasil já estavam ocupados – uma minoria ainda por conta da Covid-19.
Infelizmente, uma parte dos brasileiros ainda não está respeitando a recomendação de isolamento social. Uma pesquisa recente do Datafolha mostra que 28% da população não está cumprindo o isolamento.
“O brasileiro não caiu na real. Com a politização que tomou parte do nosso país, as pessoas ficaram divididas, e no meio de uma pandemia global o pessoal está mais preocupado em defender seu viés político do que em achar uma solução para o problema. O certo seria a união de todos e a luta por um objetivo comum”, diz Alexandre.
Se o empresário fosse vender as máscaras, cada uma sairia ao preço de R$ 20. Alexandre está pensando em vender uma parte das máscaras para poder continuar custeando as doações e pagar seus empregados. Hospitais particulares e pessoas que se interessarem podem ser potenciais clientes. “O momento de hoje tem que ser de bom senso de todos, todos juntos somos mais fortes”, finaliza.
Quem quiser ajudar nas doações, pode entrar em contato pelo WhatsApp (11) 99770-7949.