Endometriose, uma doença ainda pouco conhecida pelas mulheres
Principal sintoma são as fortes cólicas menstruais, muitas vezes subestimadas pelas pacientes
A época da menstruação, para algumas mulheres, é marcada por excesso de dor. As cólicas menstruais são comuns nesse período – elas atingem cerca de 90% das mulheres em idade reprodutiva no mundo –, porém, nem sempre essas dores são causadas pela chamada cólica primária, a mais leve e comum.
Quando a cólica é mais intensa, é preciso atenção, pois pode ser sinal de que a mulher tem endometriose. Mas o que é a endometriose? Para falar sobre o assunto, entrevistamos o professor e especialista em ginecologia e obstetrícia Dr. Paulo Ayroza.
Ayroza explica que a endometriose é uma alteração biológica no ciclo da menstruação.
“O sangue da menstruação não sai pela vagina – como é o natural – e faz o caminho contrário, caindo em cima do intestino, na superfície da trompa ou do ovário. Esse sangue que volta tem células do endométrio que podem ‘viver’ nesses lugares, e é exatamente quando elas se alojam que surge a endometriose”.
Porém o especialista faz questão de ressaltar que essa alteração não é a doença em si.
“A doença não é o refluxo da menstruação, isso ocorre normalmente em 80% das mulheres, então esse ‘movimento’ pode ser considerado normal. A doença é quando as células começam a viver em outros lugares. Isso ocorre por uma falha do sistema imunológico, que não faz seu papel de ‘limpar’ esse sangue que caiu no lugar errado”.
Quando isso ocorre, existem dois tipos de terapia, explica Ayroza.
“O tratamento inicial é tentar causar a atrofia dessa doença quando ela surge, por meio da ação de hormônios, ou seja, o primeiro tipo de tratamento é hormonal. E a segunda modalidade, quando os hormônios falham, é cirúrgica, que oferece 85% de probabilidade de cura”.
Um dos grandes problemas em identificar a endometriose é o costume com a dor no período da menstruação.
“Muita gente acha que ter cólica é normal, depois que morrer de cólica é aceitável, e não se pensa em diferenciar os tipos de cólica”, comenta Ayroza, que finaliza explicando ser possível identificar a endometriose por três fatores.
“Em primeiro lugar, se identifica a endometriose quando a cólica se instalou anos depois da primeira menstruação; em segundo, quando a cólica não passa após tomar remédio via oral; por fim quando a cólica tira a mulher dos afazeres. A endometriose é uma das doenças com maior índice de absenteísmo, que é a falta ao trabalho ou estudos por uma doença”.