Escravidão moderna: homem pardo nordestino é o perfil mais comum
Em 2018, a fiscalização encontrou 1.723 pessoas em condições análogas à escravidão, no Brasil
Por: Isabela Alves
No ano passado, a fiscalização do governo federal encontrou 1.723 pessoas trabalhando em condições análogas às de escravo, das quais 1.113 foram resgatadas. Com base nisso, a Inspeção do Trabalho divulgou dados sobre os perfis dos regatados.
Segundo a entidade, 87% dos trabalhadores eram homens e 13% mulheres. 22% haviam estudado apenas até o 5° ano do ensino fundamental, 18% tinham ensino fundamental completo e 11% eram analfabetos.
Os dados também mostram que 57% dos trabalhadores nasceram no Nordeste, 21% no Sudeste, 9% no Norte, 8% no Centro-Oeste, 2% no Sul e 3% desconheciam o estado onde nasceram. Metade dos resgatados em 2018 nasceu nos estados da Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Ceará e Piauí.
Em relação à cor e à raça, 72% se declararam pardos; 14%, negros; 12%, brancos; 1%, indígenas; e menos de 1%, de origem asiática.
Escravidão moderna é crime
De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, caracterizam o trabalho análogo ao de escravo condições degradantes de trabalho (incompatíveis com a dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais que coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador), jornada exaustiva (em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou sobrecarga de trabalho que acarrete a danos à sua saúde ou risco de vida), trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas) e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele). Os elementos podem vir juntos ou isoladamente.
As denúncias de trabalho escravo podem ser feitas nas unidades do Ministério da Economia em todo o país e também por meio do Disque Direitos Humanos (Disque 100). Para mais informações sobre dados e ações de combate ao trabalho no Brasil, acesse https://sit.trabalho.gov.br.