Estudante cria absorvente sustentável para mulheres que vivem nas ruas
O projeto foi desenvolvido por estudante brasileira, inspirada pelo objetivo sustentável da ONU de combate à pobreza e pelo filme documental “Absorvendo o tabu”
Por: Mariana Lima
Rafaella de Bona, 22 anos, é estudante do terceiro ano do curso de Design de Produto na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Como trabalho de conclusão de curso para uma especialização em design, Rafaella teve que escolher um dos objetivos sustentáveis da Agenda 2030 proposta pela ONU para criar seu projeto.
A escolha da estudante foi pelo objetivo número 1: combate à pobreza em todas as suas formas. Então, inspirada pelo curta-metragem documental vencedor do Oscar de 2019, ‘Absorvendo o Tabu’, Rafaella teve a ideia de desenvolver algo voltado para as mulheres que vivem em situação de rua.
Assim surgiu o absorvente interno sustentável “Maria”. Produzido com fibra de banana, o absorvente tem um design semelhante a de um papel higiênico, possibilitando que o tamanho seja definido pela própria mulher de acordo com seu fluxo.
O projeto ainda não possui um protótipo, mas Rafaella pretende que os absorventes possam ser amplamente distribuídos em postos de saúde.
Além de utilizar a fibra de banana – que é utilizada pela mulheres indianas no documentário que a inspirou –, outras fibras como a de coco ou de bambu também poderiam ser consideradas para produzir o produto.
Para criar a funcionalidade de seu produto, Rafaella teve como base vídeos em que mulheres em situação de rua mostravam como elas utilizavam o absorvente que conseguiam.
Em um dos vídeos, uma mulher usava um absorvente externo como exemplo. Ela rasgou e tirou a parte do plástico para então enrolar o algodão e utilizar como absorvente interno. Após assistir ao vídeo, a estudante teve a perceptiva de que o absorvente deveria ser interno.
Antes de chegar nesta conclusão, Rafaella havia considerado o coletor menstrual como proposta. Porém, a ideia foi abandonada após perceber que as mulheres em situação de rua não conseguiram descartar o sangue e nem higienizar o coletor constantemente.
Existe um termo que classifica a dificuldade de mulheres em acessar produtos de higiene básica para este período: “pobreza menstrual”.
Em entrevista para O Globo, Rafaella apontou que o problema “não se aplica só as moradoras de rua. Numa visão mais macro, se aplica às pessoas de baixa renda também, até presidiárias, que sofrem com isso. Achei interessante tirar esse tabu e levantar essa bandeira, porque é um direito nosso, não deveria ser um privilégio”.
Fonte: O Globo