Estudo encontra maior carga viral do coronavírus em crianças pequenas
Testes moleculares encontraram em crianças com menos de cinco anos mais fragmentos do material genético do novo coronavírus do que em adultos e crianças maiores. Estudos buscam entender o quanto crianças contribuem para dispersão do vírus e se é seguro que elas voltem para as escolas
Um novo estudo, publicado nesta quinta-feira (30/07) no periódico JAMA Pediatrics mostrou que testes moleculares (PCR) encontraram em crianças doentes com menos de cinco anos mais fragmentos do material genético do novo coronavírus, causador da Covid-19, do que em adultos e crianças maiores.
Os pesquisadores do hospital americano reuniram amostras, retiradas do nariz, de 145 pacientes com Covid-19, confirmada por PCR, com sintomas leves a moderados e no estágio inicial da doença — com no máximo sete dias de diagnóstico.
Estes pacientes pertenciam a três grupos: crianças com até cinco anos de idade (46 pacientes); crianças com cinco a 17 anos de idade (51 pacientes); e adultos com 18 a 65 anos (48 pacientes).
“Para ser sincera, nossos resultados nos surpreenderam e nos intrigaram. Não sei dizer por que as crianças pequenas têm níveis mais altos de RNA viral, mas são menos sintomáticas que as crianças mais velhas e os adultos”, afirmou à BBC a autora do estudo.
O artigo no JAMA Pediatrics diz também que “relatos iniciais não encontraram evidências fortes de que as crianças sejam contribuidoras significativas para o alastramento do SARS-CoV-2”. O mundo vem discutindo se a volta às aulas pode gerar mais contaminação e mortes. No Brasil, alguns estados já anunciaram a volta às aulas para setembro.
Comentando o estudo para a BBC News Brasil, Marcelo Otsuka, coordenador do comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), aponta que há sinais de que crianças menores de um ano podem apresentar maiores vulnerabilidades à Covid-19 por conta de um sistema de defesa ainda em formação, conforme ele e colegas têm observado no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo.
Fonte: BBC News Brasil