Ex-morador de rua lança livro, vira modelo e promove desfile de moda
Léo Motta foi parar nas ruas do centro do Rio de Janeiro devido à dependência química. Foram 6 meses até conseguir reestruturar sua vida
Por: Mariana Lima
Numa tarde de 2016, Léo Motta entrou em um restaurante na Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, buscando água. Como um homem negro, dependente químico e em situação de rua, acabou sendo expulso por um segurança.
Contudo, ainda recebeu um copo de água com gelo. Quando deu o primeiro gole, percebeu que era água com sal. Já se passaram quatro anos desde o episódio e a vida de Motta não é mais a mesma.
De lá para cá, ele se tornou escritor, ativista social e, recentemente, modelo de uma loja de roupas, localizada em Copacabana, na Zona Sul da cidade, tendo chegado a promover um desfile no centro do Rio.
Motta cresceu em uma favela de Cordovil, na Zona Norte do Rio, começou a usar cocaína ainda na adolescência, aos 17 anos. Pulando de emprego em emprego, atuou 12 anos como garçom, sendo sempre demitido por ir trabalhar sob efeito de drogas, até 2013.
Após aquele ano, não conseguiu mais se recolocar no mercado. Apesar da dificuldade em conseguir emprego, não se afastou das drogas e, em junho de 2016, acabou nas ruas da cidade, onde viveu por seis meses.
Nas ruas, foi ajudado pela Operação Segurança Presente, projeto do governo estadual. Em janeiro de 2017, ele foi encaminhado para uma instituição social onde conseguiu se recuperar. Em 2019, oficializou sua carreira como escritor lançando um livro na Bienal do Livro no Rio.
No total, foram 17 anos fazendo uso da cocaína e três de crack. Aos 35 anos, teve uma overdose na frente da mãe. Depois desse ocorrido, decidiu viver nas ruas por estar cansado de fazer a mãe sofrer.
Aos 39 anos, Motta colocou sua trajetória e sua história de superação no livro ‘Há vida depois das marquises’. É com a venda da obra e a realização de palestras que vem conseguindo sua renda. O convite para se tornar modelo surgiu há poucos meses. Até então a carreira não se apresentava nem em sonho.
Um empresário pediu que ele fosse garoto-propaganda de sua loja de roupas. Motta aceitou o convite após saber que o dono da loja realizava doações à população de rua. A cada cinco camisas vendidas, uma é doada para esse público.
Logo depois, o escritor foi fotografado no cento da cidade, inclusive no chafariz do Largo da Carioca, em que costumava dormir quando vivia nas ruas.
No dia das fotos, Motta ganhou do empresário 30 camisas novas e as distribuiu no centro da cidade. Neste mesmo local, o escritor participa de um projeto social de distribuição de quentinhas.
Márcio Elias, o empresário responsável pela marca de roupas, já acompanhava a história de Motta pelas redes sociais e decidiu convidá-lo para representar a loja, que existe há três anos. As peças são de confecção própria. O cachê são roupas da loja.
Vale ressaltar que a parceria com o empresário possibilitou que Motta também realizasse o sonho de sua filha, Poliana, de 14 anos, que deseja se tornar modelo. Ele contou do sonho da menina para o empresário, que também a convidou para posar para a loja de roupas.
No final de setembro, Motta promoveu um desfile de moda no centro do Rio. Na passarela, passaram pelo tapete vermelho 10 pessoas em situação de rua. Todos ganharam roupas, corte de cabelo e manicure com a ajuda de voluntários.
Léo Motta abriu o desfile, que teve as roupas doadas pelo empresário Márcio Elias.
Fonte: ECOA – UOL
Maria do Carmo Rodrigues de Lima
26/04/2021 @ 07:36
Bom dia parabéns mota que Jesus te abençoe sempre