Família de Marielle lança ações para manter legado da vereadora vivo
Ações focam nas eleições deste ano e são incentivadas pelo Instituto Marielle Franco, que atua junto à sociedade civil por uma política antirracista
Por: Mariana Lima
Já se passaram mais de 900 dias desde que a vereadora pelo PSOL-RJ e socióloga Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados a tiros, em 14 de março de 2018.
Com o objetivo de manter o legado da vereadora vivo, sua família vem criando iniciativas que possam impactar as eleições municipais de novembro e as estruturas da política nacional.
Para cumprir a proposta, o Instituto Marielle Franco lançou a Agenda Marielle, que reúne um conjunto de compromissos e práticas elaborados a partir de discursos, entrevistas e projetos de lei da vereadora.
Por meio da Agenda, a meta é incentivar os candidatos a se comprometerem com essas pautas, levando o legado de Marielle do discurso à ação. Uma das formas de potencializar a ação é permitir que qualquer pessoa se inscreva no site como defensora da agenda.
Uma das motivações para a criação da ação neste momento vem das eleições de 2018, quando a família da vereadora recebeu inúmeros pedidos de apoio de candidatas de todo o país, que se apresentavam como “sementes de Marielle”.
Em 2018, as eleições ocorreram seis meses após o assassinato de Marielle, não dando tempo de a família lançar uma iniciativa como a Agenda Marielle. Aos poucos, a família começou a lançar ações para manter o legado da vereadora vivo.
Desta forma, os pais e a filha de Marielle, Luyara, decidiram focar as energias no Instituto Marielle Franco, criado em fevereiro de 2020 para estimular mudanças na política junto à sociedade civil. Assim, a família decidiu que não irá apoiar diretamente nenhuma candidatura nesta eleição.
As primeiras ações
Em junho, o Instituto lançou a PANE, uma plataforma antirracista nas eleições. A primeira ação dos familiares de Marielle e de outras organizações foi pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que os recursos do fundo eleitoral e dos tempos de rádio e televisão fossem divididos de forma equitativa ente candidatos negros e brancos.
O abaixo-assinado reuniu cerca de 10 mil assinaturas, e trouxe resultados: o ministro Ricardo Lewandowski (STF) decidiu que a divisão dos recursos, determinada pelo TSE, já começa a valer nas eleições deste ano.
As eleições deste ano já se destacam por candidaturas ligadas à plataforma da vereadora, como a de sua ex-assessora, Renata Souza, que disputará a Prefeitura do Rio; e a de Monica Benicio, viúva de Marielle, que tentará uma vaga na Câmara Municipal do Rio. Ambas são candidatas pelo PSOL.
Fonte: Folha de S. Paulo