Fundação Sinhá Junqueira: com projeto “Aluno Nota 10”, estudantes são estimulados a não faltar às aulas. Pais e professores sentem o impacto positivo da iniciativa
Um projeto motivacional da Fundação Sinhá Junqueira está causando um efeito positivo no ambiente escolar: o Aluno Nota 10 destaca assistidos que mantiveram assiduidade integral e comportamento exemplar durante as atividades desenvolvidas na instituição, incentivando-os a ter comprometimento, responsabilidade, participação e boa conduta nos projetos em que participam nos seus Centros de Promoção Social em Aramina, Guará e Jeriquara, na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Iniciado há quase dois anos, o Aluno Nota 10 tem aumentado, mês a mês, a assiduidade e o rendimento dos estudantes. “Mais do que valorizar aqueles alunos que já tinham tal comportamento, o projeto deseja despertar nos assistidos o interesse em fazer parte deste time, valorizando a capacidade de cada um”, ressalta Valdir Crivelaro, coordenador da iniciativa. “Após o início do projeto, percebemos o quanto essa premiação motiva nossos assistidos, que, além de melhorar a frequência, passaram a ter mais responsabilidade com a vaga, entendendo o verdadeiro significado deste compromisso.”
O programa atendeu em maio a 313 assistidos. Deste total, 70 foram contemplados como Alunos Nota 10, o que corresponde a 22,5% do total de estudantes. São crianças que, após o horário escolar, frequentam os Centros de Promoção para atividades complementares, o que as afasta das ruas, do risco de envolvimento com drogas e do trabalho infantil.
Um dos destaques do mês de maio frequenta o Centro de Promoção Social Jeriquara. Manoella Alves dos Santos, 8 anos, está na Fundação há cerca de dois. Faz dança, participa do Grupo de Crianças e do Projeto Pedagógico. “Eu chego cedo. Vou com minha irmã, Ariane. Não falto, faço a dança direitinho e gosto muito”, conta.
Manoella adora as aulas de dança. Por isso nada a faz faltar ou chegar atrasada. Segundo ela, a atividade despertou sua aptidão para a arte. “Acho o projeto muito bom, um dos mais legais da Fundação, porque me incentivou a mostrar um talento que eu tenho. Acho que vou ter futuro se continuar com a dança”, prevê.
Além da dança e da interação a partir do Grupo de Crianças, Manoella teve outros aprendizados importantes desde que entrou para a Fundação. “A Tia Natália me ensinou a respeitar a minha mãe, a ajudar em casa, a ter respeito com as pessoas na rua e eu ganhei um montão de amigos agora. É muito bom. Depois que eu entrei lá não quero mais sair. Eu a amo a Fundação.”
A mãe da aluna nota 10, Adriana Alves de Oliveira, 34, diz que o programa é um ótimo incentivo para a filha, que antes de entrar na Fundação passava muito tempo na rua. “A Manoella não deixa de ir de jeito nenhum, ela adora a Fundação, vai os quatro dias na semana. Fica menos tempo na rua. Ela é daquele tamanhinho, mas já tem responsabilidade. Até viaja com o grupo para fazer apresentações de dança”, orgulha-se.
Adriana tem outros três filhos. O mais novo, de 6 anos, é portador da Síndrome de Down. Ela conta que tem de levá-lo todos os dias à cidade de Franca para tratamento, e saber que a Manoella está crescendo e aprendendo enquanto ela cuida do filho menor é, segundo ela, um alívio. “Para mim, é ótimo. Fico mais sossegada por saber que ela está na Fundação”. Ela acrescenta que Manoella é muita ativa e que já pediu para participar de mais uma atividade, o kung fu.
Foi vendo o irmão dançando numa apresentação do projeto que a adolescente Ynae Silva Brito, 15, outra aluna nota 10, apaixonou-se pela arte. Já faz três anos que ela iniciou suas aulas. “Gostei e vi que era aquilo que eu queria. Entrei para a Fundação e agora estou flutuando”, conta ela, que sonha fazer carreira como dançarina. Esse, segundo Ynae, é mais um incentivo para manter a frequência nas aulas.
Além da dança, a aluna também faz kung fu e música, além de participar do Grupo de Adolescentes. Ela conta que não consegue mais ficar parada porque as atividades já fazem parte do seu dia a dia. “É muito bom, porque quando eu não estava na Fundação era muito rebelde. Mudou completamente depois que comecei. Aprendi a ter disciplina e responsabilidade, coisas que eu vou levar para a vida toda.”
Assim como Ynae, Hudson Henrique Lima e Silva, 17, também se encantou pela dança ao ver uma apresentação de final de ano. Há dois anos, inscreveu-se no curso e no Grupo de Adolescentes. Na ocasião, segundo ele, vivia uma fase conturbada e precisava de ajuda. “O Projeto me deu amparo, o conhecimento que não tinha em casa. Às vezes é muito mais fácil ouvir de uma pessoa diferente instruções para a vida do que de um familiar”, afirma o adolescente.
O nome e a foto de Hudson também ganharam seu lugar no mural dos alunos nota 10, o que é motivo de orgulho para ele. “É gratificante porque quando a gente gosta de alguma coisa se empenha bastante para conseguir chegar lá”. Reconhecer os integrantes dos projetos é importante, segundo ele, “porque mostra coisas novas ao aluno para usar no futuro”.
Incentivo
Cada assistido classificado recebe junto à sua foto no Mural uma “estrelinha”, referente a uma premiação simbólica, como forma de estímulo para que ele continue correndo atrás da classificação Nota 10. Aqueles que acumulam três estrelinhas recebem da equipe do Centro de Promoção Social uma premiação. Cada assistido tem a chance de acumular até 07 (sete) estrelas no decorrer no ano, de maio até novembro.
Para ser Aluno Nota 10 é necessário ter 100% de frequência em todos os projetos matriculados, ter bom comportamento durante as atividades e no momento que aguarda na recepção para o início das mesmas e ter cumprido as regras estabelecidas pelo Centro de Promoção Social, tais como o uso do uniforme e do crachá e a pontualidade. “Trata-se de uma iniciativa muito simples, mas que tem um impacto muito grande na vida dessas crianças. A maioria delas tem seus pais trabalhando durante todo o dia e não teriam como receber orientações tão valiosas. Esperamos que esse aprendizado esteja se refletindo também na escola e em casa, que seja uma lição para toda a vida”, afirma Crivelaro.
Para conhecer os projetos da Fundação Sinhá Junqueira, acesse:
http://www.sinhajunqueira.org.br/