Ganhador do Oscar foi preso e viu sua família ser morta por ditadura
Antes de conseguir fugir para os Estados Unidos e atuar no filme ‘Os Gritos do Silêncio’, Haing S. Ngor era médico e foi preso e torturado pela ditadura do Khmer Vermelho no Camboja. Sua esposa morreu na prisão
O filme britânico ‘Os Gritos do Silêncio’ (1984) venceu três categorias do Oscar em 1985. Uma delas foi a de melhor ator coadjuvante para Haing S. Ngor.
O drama é considerado um clássico do cinema e conta a chegada de Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, ao poder e a implantação de uma ditadura comunista no Camboja, no Sudeste Asiático.
Neste cenário, um correspondente americano busca encontrar um amigo nos campos de concentração do Camboja. Durante essa busca, ele testemunha os efeitos do genocídio perpetrado pelos comunistas, responsáveis pelo assassinato de milhões de cambojanos.
A história do filme foi baseada em uma história real vivida pela população do Camboja. O Khmer vermelho é lembrado principalmente por suas políticas de engenharia social, que resultaram em um genocídio. Suas tentativas de reforma agrária levaram à fome generalizada, enquanto sua insistência na autossuficiência, até mesmo nos serviços médicos, levou à morte de milhares de pessoas em consequência de doenças tratáveis (tais como malária).
Execuções brutais e arbitrárias e tortura praticadas por seus oficiais contra elementos considerados subversivos, ou durante expurgos em suas próprias fileiras entre 1976 e 1978, são consideradas como tendo constituído um genocídio, com mortes atingindo cerca de 20% da população, com danos muito piores que na Fome ucraniana de 1932-1933.
O ator Haing S Ngor foi uma das vítimas da ditadura imposta pelo Khmer Vermelho no Camboja. Na época, o ator era médico ginecologista e teve de esconder sua profissão assim que o partido extremista chegou ao poder.
O líder do partido mandava executar todos os intelectuais, médicos, engenheiros e pessoas com estudo. Haing ficou meses fingindo ser um taxista analfabeto. Mas foi preso e torturado pela ditadura do país. Sua esposa não aguentou o parto na prisão e faleceu logo após dar à luz. O bebê também faleceu. O ator se culpou por, mesmo sendo médico, não conseguir salvar a esposa e o filho. Seus irmãos também foram mortos. Mas, com a ajuda da Cruz Vermelha, Haing conseguiu fugir para os Estados Unidos com a sobrinha pequena.
Nos Estados Unidos foi trabalhar em projetos sociais, quando resolveu fazer o teste para o filme. Haing ganhou o papel no filme do jornalista cambojano refugiado Dith Pran. O filme foi um sucesso e Haing tornou-se o primeiro asiático a ganhar o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e um dos poucos atores amadores a ganhar um Oscar.
Haing continuou na carreira de ator e ajudando outras vítimas do regime político adotado no Camboja, principalmente crianças cujos pais foram assassinados.
Em 25 de fevereiro de 1996, Haing foi morto a tiros em frente à sua casa em Chinatown, no centro de Los Angeles, Califórnia. Haing tinha uma única foto pequena de sua mulher morta no parto, com a qual fez um medalhão de ouro para guardar e que carregava sempre com ele. No assalto, o ator se recusou a dar a joia, que tinha a única foto da sua esposa, e foi morto. Os três acusados pelo crime foram presos e condenados.
Uma organização sem fins lucrativos com o seu nome continua o trabalho social até os dias de hoje. Os objetivos da Fundação incluem a preservação do legado de realizações de Ngor e esforços de direitos humanos, bem como a promoção da história e cultura do Camboja através da educação, do ativismo e das artes. A sobrinha de Ngor, Sophia Ngor Demetri, que ele levou para os Estados Unidos, testemunhou no julgamento dos assassinos do tio e é a atual presidente da fundação.
zenaide pereira
21/05/2020 @ 02:14
Um verdadeiro santo desconhecido, pelo exemplo, perseverança, legado… Tinha todos os motivos para ser amargo, revoltado, vingativo, mas só fez e promoveu o bem, o seu País e deixou uma instituição de apoio aos á cultura do Camboja e aos esforços pelos direitos humanos.
Rafael Dantas
28/08/2020 @ 02:01
Que história sensacional!!!! Obrigado por postar. Um grande abraço.
elioricardoalves
30/08/2020 @ 11:46
Coisa terrível no Brasil tivemos algo muito parecido puro genocídio
Sonsinha
27/09/2020 @ 00:32
Eu assisti o documentário sob esse excelente profissional e ator e salvador de vida na Camboja e no tempo dos enviados de satanás estarem causando genocídio em massa por pura crueldade pois esses desgracados comunista não gostam de pessoas extruida com formação profissional eles gostam de povo analfabetos ignorantes pois assim eles podem manipular suas mentes ignorantes e esse homem lutou protegendo seu povo humilde e infelizmente calaram a voz dele e revoltante saber de história triste como essa