Jovem da periferia lidera projeto voltado para meninas negras

Objetivo é incentivar meninas negras da periferia a estudarem e buscarem bolsas de estudos em colégios particulares

Por: Mariana Lima

Isabelle Cristina, 16, nasceu e cresceu no Grajaú, um dos distritos mais pobres da cidade de São Paulo.

Mesmo em uma região conhecida pela vulnerabilidade social, Isabelle foi incentivada desde pequena pela mãe, Regiane Cruz, a estudar e a ter o hábito da leitura.

Com o auxílio da internet, a estudante aprendeu inglês sem o apoio de um professor e começou a estudar sobre as condições de vida da mulher negra no país.

Observando o potencial da filha, Regiane foi até um dos colégios mais caros de São Paulo, em busca de uma bolsa de estudos para a filha. Pelas notas de Isabelle e por suas atividades, a escola concedeu a bolsa.

Toda essa experiência motivou Isabelle a criar o projeto Meninas Negras, para incentivar meninas negras da periferia a buscarem bolsas de estudos em colégios particulares.

O projeto consiste em usar ferramentas tecnológicas gratuitas, como o Hangouts do Google e o Skype, para promover videoconferências em que as participantes estudam disciplinas escolares juntas, e aprendem questões relacionadas ao empreendedorismo.

Em 2018, a estudante participou do Technovation, uma competição internacional para pré-adolescentes que já desenvolvem aplicativos com impacto social.

Isabelle criou um aplicativo para pessoas que sofrem de escoliose e chegou às semifinais da competição. Mas, para além das conquistas acadêmicas, existe a percepção do racismo e do preconceito.

A estudante sabe que ocupa um espaço que não foi pensando para ela. Em uma festa do colégio em que foi convidada, percebeu que todos os empregados eram negros, na maior parte, faxineiros sem contato com o público.

Essa consciência faz parte de seus projetos, e aparece na sua busca por criar ferramentas que coloquem mais pessoas negras nos espaços.

Fonte: Universa