Jovem do Complexo do Alemão cria impressora 3D feita com sucata
A impressora 3D é de baixo custo e deu margem para o surgimento de uma startup de cunho social voltada para as comunidades
Por: Mariana Lima
Residente do Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, Lucas Lima, 24 anos, transformou uma ideia do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da faculdade de Engenharia Mecânica em uma ferramenta para transformar sua realidade.
Para viabilizar o seu projeto de TCC, Lucas precisava de uma máquina que custava R$ 17 mil. Sem condições para adquirir o produto, ela passou a pesquisar maneiras para fazer um equipamento semelhante, mas de forma econômica.
Após duas semanas, o experimento estava pronto com um custo de produção de fabricação de R$ 680. Lucas criou uma impressora 3D com sucatas que foram encontradas através de uma parceria com uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis.
A ideia inicial era que o produto servisse apenas para ele, porém, depois de realizar uma palestra em uma escola pública de São Gonçalo sobre o trabalho, Lucas notou que sua ideia poderia alcançar um público maior.
O desejo de transformar a impressora 3D em uma proposta social ao produzir o equipamento dentro da favela, motivou a criação da startup Infill, que foi premiada pela Shell.
Ele concorreu com 55 empreendimentos, mas no final levou o 1° lugar do Prêmio Iniciativa Shell Jovem, um programa que seleciona e incentiva negócios voltados para sustentabilidade .
Lucas conquistou R$ 8 mil do prêmio principal mais R$ 2,5 mil do Prêmio Popular, que é definido pela votação do público que estava no evento. Os valores devem ser destinados para o crescimento da Infill e ações de educação tecnológica.
O objetivo da iniciativa é promover o desenvolvimento tecnológico nas comunidades que pertencem ao Alemão. O nome da startup significa ‘preenchimento’ em inglês, uma alusão a proposta de Lucas de preencher o vazio que enxerga nas comunidades.
A startup também é voltada para a capacitação tecnológica de jovens do Complexo do Alemão que desejam trabalhar na fabricação de aparelhos. O primeiro curso deve ter início no próximo ano, oferecendo 10 vagas gratuitas. As turmas sub-sequentes serão ofertadas a preços populares.
Outra meta para ser alcançada com a startup é aplicar uma linha de montagem de baixo custo da impressora, mas mantendo a qualidade do produto. A comercialização não ultrapassaria o valor de R$ 1, 6 mil, permitindo que escolas possam adquirir.
Em entrevista ao UOL, Lucas disse que “a ideia é ter uma tecnologia 100% favela, mostrar que somos mais do que estatística de violência. Somos o futuro”.
Fonte: UOL – ECOA: por um mundo melhor