Labirinto de Girassóis mostra como a depressão pode levar ao suicídio
Ação faz parte da campanha ‘Na Direção da Vida – Depressão sem Tabu’, e vai até 15 de setembro, em São Paulo
Por: Isabela Alves
O girassol é uma flor que sempre busca o sol. Mesmo nos dias em que ele está escondido entre as nuvens ou não aparece, a planta continua buscando luz de maneira insistente. Em alusão a esse comportamento, o girassol foi escolhido como o símbolo da campanha ‘Na Direção da Vida – Depressão sem Tabu’.
A campanha está sendo promovida pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) e a Upjohn, e é parte das ações pelo Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção ao suicídio.
A ideia da iniciativa é combater o preconceito contra quem tem depressão ou já pensou em cometer suicídio, para que mais pessoas se sintam seguras para falarem sobre esses temas.
“A depressão não é associada a uma doença: ela é associada a falta de fé, frescura e preguiça. É importante posicionar a depressão como uma doença como outra qualquer e reforçar que existe um tratamento para ela. Quando você tem um câncer, por exemplo, as pessoas te tratam e te acolhem. Já no caso da depressão, as pessoas geralmente te ignoram e marginalizam”, explica Camila Souza, gerente de marketing da Pfizer.
Para fazer com que o público entenda a jornada de um paciente com depressão, a Abrata fez um labirinto de 120 metros quadrados, com cerca de dois mil girassóis, no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo. Ao entrar no local, o público lê cartazes informativos que explicam que a depressão pode enganar a própria pessoa e as pessoas ao seu redor.
Para deixar clara a diferença entre tristeza e depressão, os cartazes apontam que quando uma pessoa sente tristeza é por conta de um motivo, já a depressão, na maioria das vezes, pega o paciente de surpresa e nem ele mesmo sabe identificar porque está se sentindo tão mal. As fortes emoções surgem em conjunto com diversas dúvidas, mas, ainda assim, muitos não procuram ajuda, o que acaba agravando o problema.
A sensação de tristeza, pessimismo e baixa autoestima se misturam, e a dor se torna profunda. Além disso, o paciente também passa por mudanças físicas, como ganho ou perda de peso em um curto período de tempo, insônia ou vontade de dormir muito, esquecimento ou raciocínio lento, explosões de raiva e a perda de interesse sexual.
Com o passar do tempo, esses sintomas, que se tornam cada vez mais intensos, acabam mudando completamente a vida do paciente e de quem está ao seu redor. Como é possível explicar para os amigos que sair de casa se tornou uma tortura? Como dizer para o namorado ou namorada que a química acabou? Como explicar para o chefe as perdas de concentração?
Os vínculos sociais aos poucos vão se quebrando e isso leva o paciente ao isolamento. De acordo com Neila Campos, vice-presidente da Abrata, os índices de suicídio têm crescido principalmente entre os idosos e os jovens de 15 a 29 anos. “Ambos têm em comum a solidão. Essa dor faz com que a pessoa sinta que ela não pertence a lugar nenhum”.
Cesar Amaral, coordenador de mídias da campanha, também falou sobre a questão dos idosos. “A sociedade em si não privilegia o idoso. A partir de determinada idade, muitos são deixados de lado pela família e pelos amigos, e a pessoa vai se reprimindo. Já os jovens, na outra ponta, estão em uma fase de fragilidade emocional, pois estão tentando entender o seu lugar no mundo e descobrir maneiras de lidar com uma sociedade tão imediatista”.
Segundo informações do Ministério da Saúde, em 2016, 11.433 pessoas tiraram a própria vida no Brasil. No ano anterior, haviam sido 11.178. Outro dado alarmante revela que em 10 anos a taxa de suicídio de brasileiros cresceu 16,8%.
No fim do labirinto, a campanha reforça: o suicídio pode ser prevenido. Para isso, o paciente precisa procurar ajuda médica e contar com o apoio de familiares e amigos.
Entre as atitudes que as pessoas próximas podem demonstrar para ajudar estão: ouvir atentamente o que a pessoa tem a dizer, tentar compreender os sentimentos do outro, não subestimar conversas sobre a morte, limitar o acesso do paciente a possíveis métodos de suicídio como pesticidas e armas, e demonstrar afeição.
A depressão é um transtorno de saúde mental e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que essa doença afete cerca de 322 milhões em todo o mundo. Além disso, segundo dados da OMS, até 2020 a depressão será a enfermidade mais incapacitante em todo o mundo.
É válido ressaltar também que o suicídio não é um comportamento isolado, mas multifatorial, ou seja, ele é o resultado de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociológicos, culturais e ambientais.
“Essas mortes podem ser evitadas. O primeiro passo para prevenir essa situação é combater o preconceito com o tema, pois os transtornos mentais ainda têm um forte estigma no Brasil. Busque apoio, auxílio profissional e informação de qualidade”, diz Marta Axthelm, presidente da Abrata.
O horário de visitação do labirinto de girassóis no Largo da Batata é das 10h às 18h, até o dia 15 de setembro.
Ocimar
25/09/2019 @ 01:33
Só quem passa por isso sabe como é terrível, uma luta diária, há momentos que só penso em suicidio!!!
É muito sofrimento, não sei mais o
Que fazer…