Magalu financia organizações de combate à violência contra a mulher
O Magalu criou um fundo que destinará R$ 2,5 milhões a entidades que atuam no combate à violência contra a mulher. Inscrições vão até 23 de setembro
Por: Júlia Pereira
O Magalu, principal ecossistema de compras e vendas do Brasil, lançou um fundo de combate à violência contra a mulher, com R$ 2,5 milhões para apoiar Organizações da Sociedade Civil (OSCs) dedicadas à causa.
A ação será financiada com parte dos recursos doados pela companhia, em agosto deste ano, para combater problemas agravados pela pandemia. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, durante a quarentena, o número de casos de feminicídio cresceu 22% no país.
O fundo beneficiará, principalmente, as instituições que trabalham para garantir a geração de empregos e consequente independência financeira das vítimas, um dos principais fatores para que elas desfaçam os vínculos com os agressores.
Os outros dois focos são o acesso à saúde psicológica e física e o fortalecimento e criação de políticas públicas pensadas para mulheres.
As organizações não precisarão desenvolver novos projetos para se candidatar ao recebimento de recursos do fundo. O Magalu usará como principal critério de seleção a adoção de boas práticas por parte das instituições que precisam de verbas para fortalecer ou ampliar sua atuação. Serão aceitas inscrições de organizações de pequeno, médio e grande porte.
Os aportes podem ser de até R$ 50 mil para iniciativas locais e municipais, de até R$ 100 mil para iniciativas de alcance estadual, e podem chegar a R$ 200 mil para ações nacionais. As organizações também receberão uma mentoria para obter melhores resultados e gerir os recursos com transparência.
A expectativa é que o fundo ajude 15 instituições, que vêm sofrendo com escassez de recursos em virtude da pandemia. O aporte é um dos maiores já realizados pela iniciativa privada para combater a violência contra a mulher.
A Editora Mol e o Prosas, que assessoram grandes empresas e organizações em ações de impacto social, são parceiros na iniciativa.
A seleção das organizações será acompanhada pelo comitê dedicado à atuação filantrópica do Magalu, capitaneado por Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração. O comitê também ficará responsável por certificar a transparência no uso dos recursos e por monitorar os impactos positivos.
Os dados sobre violência contra a mulher já eram altos mesmo antes da pandemia. Segundo o Mapa da Violência de 2016, desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 17 minutos, uma mulher é agredida fisicamente no Brasil.
O país ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio. Somente em 2018, 1.206 mulheres foram assassinadas, sendo que em nove a cada 10 casos os assassinos eram companheiros ou ex-companheiros.
A criação do fundo está em sintonia com ações já consolidadas do Magalu. O Canal da Mulher é uma delas. Criado em 2017 por Luiza Helena Trajano, o canal já atendeu mais de 420 colaboradoras vítimas de violência. Por meio dele, qualquer funcionário do Magalu pode denunciar ou notificar a existência de mulheres em situação de risco.
A partir dos registros, psicólogas da empresa entram em contato com a vítima para entender o contexto e oferecer a ajuda mais adequada a cada caso. De acordo com a gravidade do caso, as colaboradoras recebem assistência psicológica, orientação jurídica e auxílio financeiro.
Outra iniciativa criada foi o botão de denúncias de violência contra a mulher incorporado ao aplicativo do Magalu. O botão permite acesso direto ao Ligue 180 e, via chat, ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que recebe denúncias online. A ferramenta é discreta para garantir máxima segurança às vítimas que desejam denunciar seus agressores.
As instituições interessadas devem se inscrever pelo site até o dia 23 de setembro.