Mortalidade infantil: 70% das mortes no Brasil poderiam ter sido evitadas
Falta de atenção às mulheres durante a gestação é causa de 41% dos óbitos infantis evitáveis
A mortalidade infantil é um importante indicador das condições de vida em um determinado local, refletindo o estado de saúde da parcela mais vulnerável da população: os menores de 1 ano de vida.
Taxas elevadas de mortalidade infantil refletem níveis precários de saúde e fragilidades em relação às condições de vida e ao desenvolvimento socioeconômico.
A mortalidade infantil é dividida em três componentes: neonatal precoce (0 a 6 dias), neonatal tardio (7 a 27 dias) e pós-neonatal (28 a 364 dias). O componente neonatal precoce representa mais de 50% dos óbitos infantis, sugerindo a necessidade de melhoria na qualidade da assistência no parto.
A taxa de mortalidade infantil (TMI) estima o risco de morte de crianças menores de 1 ano, em relação ao número total de nascidos vivos. O Ministério da Saúde calcula esse indicador a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos.
O Boletim Epidemiológico Vigilância em Saúde no Brasil 2003 | 2019 mostrou que, no período de 2003 a 2017, houve um declínio relevante na Taxa de Mortalidade Infantil no Brasil, de 22,5 em 2003 para 13,4 para cada 1.000 nascidos vivos no ano de 2017, em todas as regiões.
Em 2016, no entanto, o Brasil registrou um aumento de 4,8% na TMI, em relação a 2015. A taxa voltou a cair de 2016 para 2017. Este repique pode ser explicado em parte pela redução de nascidos vivos, devido à epidemia de doença pelo vírus Zika e suas consequências, bem como pelo aumento do número absoluto de óbitos.
Mesmo com a redução absoluta no número de óbitos infantis entre 2003 e 2017, a proporção de óbitos por causas evitáveis permaneceu em quase 70%.
Considerando-se apenas os óbitos infantis evitáveis, o percentual que poderia ser reduzido por ações de “atenção à mulher na gestação” aumentou de 31% para 41% entre 2003 e 2017. Isso significa que, nos casos de mortes evitáveis, 41% dos recém-nascidos que vieram a óbito poderiam estar vivos apenas com ações de atenção às mulheres na gestação.
Houve uma diminuição por ações de “promoção à saúde e atenção” (de 13% para 8%) e por “diagnóstico e tratamento adequado” (de 13% para 9%).
No ano de 2018, começou-se a discutir o plano de enfrentamento para redução da mortalidade materna e na infância, por meio de um trabalho conjunto do Ministério da Saúde com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ainda em construção, o Plano tem como um dos objetivos reduzir a mortalidade infantil no país.
Para saber mais, acesse o boletim epidemiológico aqui.