MP-SP alerta para o desaparecimento de pessoas com obra de Renoir
Mães dão depoimentos que evidenciam a profunda dor pelo desaparecimento de seus filhos
Para chamar a atenção sobre a gravidade que é o desaparecimento de uma criança e reforçar a cobrança por políticas públicas sobre desaparecimentos, o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), do Ministério Público do Estado de São Paulo, lança nova campanha em que uma das meninas do quadro “Rosa e Azul” (1881), de Pierre-Auguste Renoir, é apagada. Com criação da VML, agência pro-bono do MP-SP desde 2014, a campanha também apresenta depoimentos de mães de crianças desaparecidas que compartilham seu sofrimento.
Com linguagem de curta-metragem, o filme estreia nas redes sociais e portal do MP-SP com versão para TV e Cinema. Nele, o quadro original, pertencente ao acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP), passa a sofrer uma intervenção artística – efeito em computação gráfica para simular que uma imagem foi “apagada”-, enquanto ouvimos depoimentos de mães de crianças desaparecidas, cuja dor fala por si só. “A saudade é o que nos mata aos pouquinhos. E a esperança é o que nos mantêm vivas”, afirma uma delas.
“Há tanto por fazer, diante de temática tão séria, mas historicamente relegada pelo direito brasileiro, que acreditamos essencial pautá-la através das pessoas que vivem essa dor diária, cuja fala é maior do que qualquer adjetivação da dor”, afirma a Promotora de Justiça Eliana Vendramini, coordenadora do PLID-SP. Desde sua criação, em novembro de 2013, já passaram pelo cadastro do PLID-SP 7.969 pessoas, dessas 76 foram encontradas, sendo 46 com vida e outras 30 já falecidas.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo estão desaparecidas hoje no estado de São Paulo 9.552 pessoas. “Rosa e Azul”, obra-prima do Impressionismo, retrata as meninas Alice e Elizabeth, filhas do banqueiro Louis Raphael Cahen d’Anvers, aos 5 e 6 anos de idade, e foi a peça-chave escolhida pela agência VML para impactar o público, como explica o Diretor-Executivo de Criação, Jairo Anderson. “Quando vemos o artista “apagando”, aos poucos, uma das meninas que estava na obra, a sensação é triste, é dolorida. Essa foi a forma que encontramos de representar a ausência, já que uma família com um ente querido desaparecido é uma obra de arte incompleta”, comenta Jairo.
O PLID reúne números e dados detalhados de diferentes fontes, o que permite o rápido compartilhamento de informações com diversas instituições que enfrentam o problema do desaparecimento de pessoas. Auxilia, ainda, no processo de localização e/ou identificação de óbitos, na identificação e localização de pessoas desaparecidas e no combate eficiente do tráfico de seres humanos.