Mulheres dedicam 21 horas por semana a afazeres domésticos
Isso é quase o dobro do tempo que os homens dedicam; mulheres também recebem salários 20,5% menores
Por: Mariana Lima
Dados do suplemento ‘Outras Formas de Trabalho‘, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2018, apontam que as mulheres gastam, em média, 21,3 horas por semana em afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Em contrapartida, os homens dedicam nas mesmas tarefas apenas 10,9 horas por semana.
Mesmo exercendo uma profissão fora do ambiente doméstico, as mulheres chegam a cumprir 8,2 horas a mais em obrigações domésticas em comparação aos homens que também trabalham fora.
Segundo a pesquisa, 87% da população com 14 anos ou mais realiza atividades ligadas ao ambiente doméstico e aos cuidados de parentes, o equivalente a 147,5 milhões de pessoas. Essa situação apresenta maior predominância entre as mulheres (93%) do que entre os homens (80,4%).
Quando em condição de cônjuge ou companheira, as mulheres acabavam por trabalhar ainda mais (97,7%) em comparação aos homens, que chegavam a 84,6%.
Das sete atividades listadas em relação aos afazeres domésticos, a presença feminina predomina em 6. Cozinhar foi a atividade com maior disparidade entre os gêneros: mulheres correspondem a 95,5% desta atividade, e os homens chegam a representar 60,8%, levando-se em conta situações em que ambos cozinhem.
A presença masculina só foi maior em tarefas ligadas a fazer pequenos reparos no domicílio, em que correspondem a 59,2% contra 30,6% delas.
Questão salarial
A PNAD Contínua 2018 também apresentou dados referentes à questão salarial entre homens e mulheres. Entre 2012 e 2018, houve uma leve diminuição na desigualdade salarial, porém, as mulheres ainda ganham, em média, 20,5% a menos do que os homens no Brasil.
Os dados da PNAD Contínua consideram apenas pessoas entre 25 e 49 anos, e revelam que a disparidade salarial média entre homens e mulheres ainda é de R$ 529 mensais. Enquanto os homens nessa faixa etária ganham, em média, R$ 2.579, as mulheres ganham R$ 2.050. A menor diferença apontada pela pesquisa foi em 2016, quando as mulheres ganhavam 19,2% a menos do que os homens, R$ 471,10.
Entre os fatores que pesam nesta diferença estão o fato de as mulheres trabalharem menos horas por semana (37h54min) que seus pares masculinos (42h42min), excluindo o trabalho feito na própria casa, e o fato de receberem menos por cada hora trabalhada: enquanto eles recebem, em média, R$ 14,20, elas recebem R$ 13.
Em 2018, o país contava com 93 milhões de ocupados, sendo que 43,8% eram mulheres e 56,2%, homens. Em relação à população acima de 14 anos, a proporção se altera: 52,4% eram mulheres, enquanto os homens correspondiam a 47,6%.
Casos que exemplificam a disparidade salarial podem ser observados com trabalhadores de centrais de atendimento e de limpeza de interiores de edifícios/estabelecimentos. Neste serviços, mulheres recebiam entre 12,9% a 12,4% a menos do que os homens, respectivamente.
As ocupações com maior desigualdade salarial são: agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura (elas recebem 35,8% menos que os homens) e gerentes de comércios varejistas e atacadistas (34%). Além disso, há também grande diferença salariam em áreas tradicionais, como Direito e Medicina.