Mulheres formam grupo de combate à caça ilegal no Zimbábue
Com o nome de “Valentes”, o grupo reúne mulheres vítimas de violações de direitos que decidiram recomeçar suas vidas
por Artur Ferreira
No Zimbábue, mulheres compõem um grupo 100% feminino de guardas florestais que combatem a caça ilegal. As guardas “akashinga”, “valentes” na língua xona, têm de enfrentar grupos de caçadores e proteger grandes áreas florestais.
Cada mulher é uma sobrevivente, a sua maneira, antes de entrar para o grupo. As valentes são em sua maioria vítimas de violência sexual, órfãs da Aids, mães solo e mulheres que foram abandonadas.
A entrada no grupo é uma forma de recomeçarem suas vidas, com históricos de violação de direitos, e de se tornarem parte de um grupo. Com o trabalho, essas mulheres adquirem sua independência financeira.
A iniciativa foi criada por Damien Mander, 39, australiano que atuou por três anos no front iraquiano. Hoje ele dirige a Fundação Internacional contra a Caça Ilegal (IAPF).
Mander explica que o objetivo do grupo não é procurar por mulheres com grandes feitos, e sim pessoas dispostas a serem combatentes.
Os treinamentos delas são vários, desde carregamentos de troncos até trabalhos como arar a terra.
Desde o surgimento das primeiras guardas, em 2017, os casos de caça ilegal caíram 80%. Além disso, foram presos ao todo 155 pessoas, sem a necessidade de nenhum disparo.
As valentes patrulham uma área de 4.000 km2, o equivalente a cinco reservas florestais. Mander fala que o objetivo final é chegar a cobrir 20 reservas. Até o momento, nenhuma delas foi morta em combate ou atingida por balas, mas ele adverte que é um trabalho difícil e perigoso.
Fonte: Folha de S. Paulo