Mulheres negras que atuam na saúde são mais impactadas pela pandemia
Pesquisa da Fundação Getulio Vargas analisou as consequências da crise sanitária para os trabalhadores da saúde na linha de frente do combate à Covid-19
Por: Mariana Lima
Na linha de frente do combate à Covid-19, os profissionais da saúde exercem um papel fundamental durante a pandemia e vêm enfrentando diversos desafios.
Mas, no quadro geral, as mulheres negras na área da saúde são as que mais sofrem com os impactos da crise sanitária.
É o que indica uma pesquisa da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).
A análise realizada indica que, entre os profissionais da saúde, a maior vulnerabilidade é das mulheres negras, enquanto os homens brancos são os que apresentam menores índices de impactos devido à pandemia.
Com base na pesquisa, as mulheres negras são as que mais demonstram medo de contaminação pelo novo coronavírus (84,2%).
Além disso, 58,7% delas se sentem despreparadas para lidar com a crise e 38% declaram ter sofrido mais assédio moral durante a pandemia.
Elas também são as que menos receberam testagem para a Covid-19 (26%) e têm menos suporte de seus supervisores (54%).
Contudo, em alguns aspectos analisados, a situação de homens e mulheres que se autodeclaram amarelos, indígenas, transexuais e não-binários é ainda mais crítica.
Neste grupo, apenas 40,3% afirmam ter recebido treinamento durante a pandemia, contra 44% das mulheres negras, 50,8% das mulheres brancas e 58,7% dos homens brancos.
A saúde mental dos profissionais também foi observada pela pesquisa. De acordo com os dados, as mulheres (brancas e negras) declaram-se mais suscetíveis às emoções negativas em meio à pandemia.
No total, 83% delas disseram que a saúde mental foi impactada durante a pandemia, contra 69% dos homens. Entre amarelos, indígenas, pessoas transexuais e não-binárias, essa porcentagem foi de 89%.
O estudo foi realizado em parceria com a Fiocruz e com a Rede Covid-19 Humanidades. Os dados foram coletados por meio de um questionário online entre os dias 15 de setembro e 15 de outubro.
Participaram 1.263 profissionais de saúde de todo o país, entre médicos, enfermeiros e agentes comunitários.
Fonte: O Globo | Celina