Pandemia: 40% dos países pobres não apoiam estudantes vulneráveis
De acordo com relatório da Unesco, 40% dos países mais pobres não apoiam os estudantes de menor renda, negros e com deficiência em meio à pandemia
Por: Mariana Lima
A pandemia de Covid-19 aumentou a exclusão de estudantes, segundo o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2020, realizado pela Unesco.
O estudo busca monitorar os avanços de 209 países no caminho para alcançar as metas de educação da ONU da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O documento indica que 40% dos países mais pobres – de baixa e média-baixa – não apoiam os alunos de menor renda, negros e com deficiência em meio ao isolamento social, não garantindo o básico, como acesso a dispositivos tecnológicos para o estudo remoto ou a adequação das aulas às deficiências.
De acordo com o texto, 258 milhões de crianças e jovens foram excluídos da educação, sendo a pobreza o principal obstáculo no acesso.
Nos países de renda baixa e média, os adolescentes que pertencem aos 20% mais ricos da sociedade têm três vezes mais chances de concluir o primeiro nível da educação secundária, em relação aos mais pobres.
Na América Latina e no Caribe, 9% dos países não têm oferecido suporte aos estudantes mais vulneráveis em meio à crise. A Unesco não indicou em que grupo o Brasil se classifica nem divulgou a lista dos países que não dão suporte aos alunos.
No mundo, um em cada quatro alunos de 15 anos informa que se sente excluído da escola. Além disso, 335 milhões de meninas vão para escolas que não lhes oferece serviços de água, saneamento e higiene dos quais necessitam para ir às aulas no período menstrual.
O relatório aponta que, em 10 países de renda baixa e média, estima-se que crianças com deficiências tenham uma probabilidade 19% menor de obter proficiência mínima em leitura do que aquelas que não têm deficiências.
No total, apenas 41 países reconhecem oficialmente a língua de sinais. No Brasil, por exemplo, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida em lei. Cerca de um quarto dos países possui leis que determinam que crianças com deficiências sejam instruídas em contextos separados.
Ao abordar o Brasil, o relatório destaca a exclusão dos indígenas e alunos com deficiência. Atualmente, apenas 40% das escolas primárias recebem esses estudantes no país.
O relatório também indica outra preocupação no caso brasileiro: a exposição de alunos à violência e ao homicídio na região em que vivem e estudam.
O documento reforça que quase metade dos países de renda baixa e média não reúne dados educacionais suficientes sobre crianças com deficiência.
No entanto, há resultados políticos. O número de países latino-americanos que incluíram pelo menos uma questão sobre etnia em seu censo cresceu de 6, em 1980, para 12, em 2000. Somente a República Dominicana não inclui essa questão na região.
Em relação ao Brasil, o relatório ressalta o aumento de estudantes com deficiência nas escolas regulares de 23%, em 2003, para 81%, em 2015.
Fonte: Folha de S. Paulo