Pandemia pode causar 4 milhões de casamentos infantis no mundo
Número pode ser alcançado nos próximos dois anos. Crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 e aumento da pobreza podem levar a mais casamentos infantis forçados
Por: Mariana Lima
De acordo com uma estudo da organização sem fins lucrativos World Vision, quatro milhões de meninas correm o risco de se casarem nos próximos dois anos por consequência da pandemia de Covid-19. A crise provocada pelo novo coronavírus pode desfazer décadas de progresso no combate a essa prática.
O crescimento no número de casamentos infantis forçados seria resultado do aumento da pobreza causada pela perda dos meios de subsistência, o que segundo a organização fará com que muitas famílias obriguem suas filhas a se casarem mais cedo.
A organização aponta que os riscos foram intensificadas por as escolas terem sido fechadas e por as organizações que atuam para combater o casamento infantil estarem com mais dificuldades para operar durante o isolamento.
Além disso, a pandemia acaba por dificultar o acesso de meninas a serviços de saúde sexual, o que pode levar a um aumento também no número de casos de gravidez na adolescência e uma pressão ainda maior para se casar.
Anualmente, 12 milhões de meninas se casam antes de completarem os 18 anos no mundo, quase uma garota a cada três segundos. Essa previsão da World Vision já tinha sido apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em um relatório divulgado em abril. O documento indicava que a pandemia poderia resultar em mais de 13 milhões de casamentos infantis na próxima década.
A World Vision já registra evidências no aumento de matrimônios infantis no Sudão do Sul, Afeganistão e Índia, países em que recentemente a instituição trabalhou com a política para interromper sete casamentos após pedidos de ajuda.
Outra preocupação é que pessoas aproveitem o isolamento para esconder a prática que vai contra os direitos humanos. O casamento forçado no contexto da pandemia pode ser resultado de uma tentativa dos pais de reduzirem o número de crianças que precisam sustentar ou para conseguir dotes matrimonias.
A organização se mostra empenhada em acompanhar os efeitos da pandemia na qualidade de vida de crianças e adolescentes pelo mundo. Outro relatório da organização revela que até 85 milhões de meninos e meninas poderão se somar às vítimas de violência física, emocional e sexual no mundo nos próximos três meses.
Fonte: O Globo