Paramédicos judeu e muçulmano oram juntos contra o coronavírus
Em Israel, as equipes do serviço de resposta a emergências atenderam até 100 mil ligações nos dias de pico da crise causada pelo novo coronavírus, mais de 10 vezes o volume normal
Uma foto de dois paramédicos, um judeu e outro muçulmano, tirada por um colega de trabalho rapidamente se tornou viral, conquistando milhares de curtidas nas mídias sociais e aparecendo na cobertura da mídia internacional.
Avraham Mintz e Zoher Abu Jama haviam acabado de responder a uma ligação de uma mulher de 41 anos com problemas respiratórios na cidade de Be’er Sheva, no sul de Israel. Antes disso, eles estavam checando um homem de 77 anos. Haveria mais ligações pela frente. Disso, não havia dúvidas.
Quando o relógio se aproximava das seis da tarde, Mintz e Abu Jama perceberam que talvez fosse o único intervalo do turno. Os dois membros do Magen David Adom (MDA), serviço de resposta a emergências de Israel, fizeram uma pausa para orar.
Mintz, um judeu religioso, estava de pé em frente a Jerusalém, seu xale branco e preto pendurado nos ombros. Abu Jama, muçulmano, ajoelhou-se diante de Meca, seu tapete marrom e branco de oração desenrolado debaixo dele.
Para os dois paramédicos, que rotineiramente trabalham juntos duas ou três vezes por semana, a oração conjunta não era novidade. Para muitos outros, era uma imagem inspiradora no meio da pandemia global causada pelo novo coronavírus.
“O fato de ser simples o torna tão poderoso. Acredito que Zoher e eu e a maioria do mundo entendemos que temos que levantar a cabeça e orar. Isso é tudo o que resta”, disse Mintz à CNN. Pai de nove filhos, ele mora em Be’er Sheva, tem 42 anos e trabalha em período integral no MDA. Lá, Mintz treina voluntários.
Abu Jama, pai de sete filhos da cidade beduína de Rahat, nas proximidades, foi um desses voluntários. Ele deixou seu emprego como instrutor de direção para ajudar o máximo possível agora. “Em termos de crença e personalidade, acreditamos nas mesmas coisas e temos algo em comum”, disse à CNN. “Acredito que ele é uma pessoa que dá e recebe o sentimento de honra e isso é importante”.
Em Israel, as equipes da MDA atenderam 100 mil ligações nos dias de pico, mais de 10 vezes o volume normal, de acordo com Zaki Heller, porta-voz da entidade.
Fonte: CNN Brasil