Depois de dois anos no teatro, ‘O pequeno príncipe preto’ vira obra literária

História é inspirada no clássico ‘O pequeno príncipe’, de Antoine de Saint-Exupéry, mas tem como protagonista um menino negro

Por: Júlia Pereira

Após dois anos no teatro, a obra ‘O pequeno príncipe preto’ ganhou sua versão em livro. O autor é Rodrigo França, ator, diretor, dramaturgo, artista plástico e articulador cultural, que sentiu a necessidade de colocar uma criança negra no papel de protagonista.

Na obra, é possível encontrar passagens que fazem referência ao clássico ‘O pequeno príncipe’, de Antoine de Saint-Exupéry, como o fato de o menino negro viver em um planeta apenas com uma árvore, além da relação com uma raposa e a ressignificação de valores.

No entanto, o livro de Rodrigo França tem suas particularidades. A história gira em torno de um menino negro que espalha sementes da Baobá, que ele nomeia de Ubuntu, por outros planetas para mantê-la viva por meio da ancestralidade e para desenvolver uma relação de coletividade e união.

Em entrevista ao Correio Braziliense, o autor explica as principais mudanças da obra. “A gente coloca a Baobá num outro patamar. No clássico, ela é uma erva daninha, que o menino deve matar para que não destrua o planeta dele. Aqui, a gente coloca a forma que a árvore merece, porque em diversas culturas da África a Baobá é uma árvore sagrada, milenar. Então, dentro do livro, ela passa toda essa sabedoria milenar para o menino, sobre a relação das suas transições, da sua cultura, do autoamor e do autocuidado, e principalmente, sobre ancestralidade”, explica.

Ao Correio, Rodrigo conta que umas das principais dificuldades em transferir a obra do teatro para a literatura foi conduzir o leitor pelas sensações, algo que é mais simples de ser feito pela atuação, pois é possível utilizar alguns recursos, como detalhes nos cenários.

Para isso, ele contou com o trabalho da ilustradora Juliana Barbosa Pereira, com quem já havia trabalhado no espetáculo teatral. A preocupação de Rodrigo em trazer a artista para o universo da obra literária também diz respeito à preocupação dele em dar protagonismo a uma mulher negra num projeto escrito por um homem e protagonizado por um menino.

Fonte: Correio Braziliense