Perigo oculto: a cada 6 minutos uma pessoa desaparece no Brasil
Existem três tipos de desaparecimento: voluntário (fuga do lar), involuntário (por causas como desastres naturais) e forçado. Redes de pedofilia, tráfico de órgãos, prostituição e escravidão moderna estão entre os motivos para um desaparecimento forçado
Milhares de brasileiros vivem diariamente uma dor que não tem remédio e nem cura. A dor de ter entes queridos desaparecidos.
Ivanise Esperidião atua como ativista por melhores condições na busca por desaparecidos há mais de 20 anos, devido ao desaparecimento de uma filha sua, em dezembro de 1995. Na época, a filha de Ivanise, Fabiana, tinha apenas 13 anos. Até hoje, Ivanise não tem uma resposta sobre o paradeiro da moça. “Quando se enterra um filho, o pai passa por um luto real, porém quando ele desaparece, você nunca pode ter certeza do que aconteceu realmente”.
De acordo com o último levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados em todo o Brasil 82.094 desaparecimentos em 2018. São 224 desaparecimentos por dia, nove por hora, um a cada pouco mais de 6 minutos.
Os desaparecimentos são classificados de três formas: voluntário (fuga do lar devido a desentendimentos familiares, violência doméstica ou outras formas de abuso dentro de casa), involuntário (afastamento do cotidiano por um evento sobre o qual não se possui controle, como acidentes ou desastres naturais) e forçado (sequestros realizados por civis ou agentes de Estados autoritários).
O desaparecimento forçado é o mais assustador para as famílias. Redes de pedofilia, tráfico de órgãos, prostituição e escravidão moderna estão entre os motivos para um desaparecimento forçado.
Somente no estado de São Paulo, em 2018, foram registrados 24.368 desaparecimentos, de acordo com o Ministério Público do Estado (MP-SP). Desse total, 215 eram crianças de 0 a 7 anos, 1.035 eram crianças de 8 a 12 anos e 7.255 eram adolescentes. Isso representa 8.505 crianças e adolescentes – um terço do total de desaparecidos no estado.
Ivanise afirma que a faixa etária de 13 a 15 anos representa uma grande fatia do número de desaparecidos, principalmente meninas: “normalmente, conscientizar o adolescente é muito mais difícil que a criança, eles não reagem bem, acham que sabem de tudo, sendo que não é assim que as coisas funcionam”.
De acordo com a coordenadora do PLID, Eliana Vendramini, mesmo em casos de desaparecimento voluntário não se deve desvalorizar a gravidade do ocorrido: “esses jovens muitas vezes se encontram em situação de vulnerabilidade, tanto social quanto econômica, às vezes até mesmo sofrem abusos dentro de casa” lamenta Eliana.
Serviço:
Contato imediato: em caso de desaparecimento de alguém, a família deve comunicar à polícia imediatamente. Não se deve esperar 24h, como muitos acreditam.
Prevenção contra desaparecimentos de crianças: é indicado que a criança tenha um documento de identidade (RG) desde cedo. Também é importante ter fotos 3×4 da criança atualizadas a cada ano.
Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP): Para auxiliar nas buscas, a 4ª Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas divulga, na internet, a foto da pessoa desaparecida que for enviada ao departamento policial.
PLID (Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos): Para saber mais informações de como se prevenir ou reagir em um caso de desaparecimento, o PLID também disponibiliza materiais de apoio (como cartilhas, apresentações e artigos) e links úteis sobre o tema. Para um contato direto, acesse a página do PLID no Facebook.